O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou nesta terça-feira que a possibilidade de retaliar países que boicotarem produtos brasileiros em função da situação ambiental no país pode estar na mira do governo.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Heleno voltou a criticar a reação internacional aos dados relacionados ao meio ambiente e bateu na tecla da importância do agronômico brasileiro.
"É uma medida que obviamente pode estar na mira do governo brasileiro", disse o ministro, questionado se o governo considerava a possibilidade de retaliar países em que houver boicote a produtos brasileiros por causa da questão ambiental.
"Só que é o tal negócio. Você já comprou uma coisa finlandesa? Já comprou alguma coisa norueguesa, sueca? Não me lembro de ter na minha casa produtos", listou Heleno. "Alemã, muita coisa. Muita coisa", concordou, ao ser interrompido pelo jornalista. "Esse é um que valia até a pena", disse.
"Mas eu não quero nem citar países. Eu tenho muito medo de criar um problema diplomático e ser injusto, até. Porque é o tal negócio: eu acho que para a gente criticar seriamente uma coisa, a gente tem que conhecer, tem que correr atrás."
Heleno voltou a argumentar que o governo tem apenas um ano e nove meses, e também repetiu o discurso segundo o qual são utilizados dados falso e "exagerados" sobre a situação ambiental.
Dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao governo federal, mostram que neste ano, no Pantanal, foram registrados 15.756 focos de incêndio até quarta-feira, um crescimento de 208% em relação ao mesmo período do ano passado. Na Amazônia são 67.290 focos, 12% a mais que em 2019, que já foi o pior resultado desde 2010.
Além disso, também de acordo com dados de monitoramento do Inpe, o desmatamento da Amazônia brasileira saltou 34,5% nos 12 meses até julho, ano-calendário oficial que o Inpe usa para medir o desmatamento anual da floresta, segundo dados preliminares.
O governo Bolsonaro é criticado por ambientalistas, para quem o discurso do presidente de defesa da exploração econômica da região amazônica incentiva a ação ilegal de madeireiros, grileiros e garimpeiros. Apontam ainda que a atual gestão federal desmontou e enfraqueceu órgãos e mecanismos de fiscalização ambiental.