HRW afirma que Brasil deve agora julgar responsáveis por crimes da ditadura

10 dez 2014 - 14h26

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pediu que o Brasil, após divulgar nesta quarta-feira relatório de crimes contra a humanidade ocorridos entre 1946 e 1988, avance em direção à punição dos responsáveis pelos delitos no período.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) determinou que 377 pessoas são responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos cometidas entre as duas últimas constituições democráticas brasileiras, incluindo o regime militar que governou o país entre 1964 e 1985. A lista de mortos e desaparecidos políticos subiu para 434 vítimas.

Publicidade

Em comunicado divulgado após a publicação do relatório, a HRW lembrou que cerca de 200 desses agentes da ditadura ainda estão vivos e devem ser levados à Justiça para responder pelos crimes. No entanto, eles são protegidos pela polêmica Lei de Anistia, promulgada em 1979 pelo próprio regime e ainda em vigor.

"A Comissão Nacional da Verdade traz uma fundamental contribuição ao oferecer um relato categórico, guardado durante muito tempo, sobre os mais graves crimes cometidos durante a ditadura", afirmou a diretora da HRW no Brasil, Maria Laura Canineu.

"Tão importante como isso é que a comissão indica o caminho para uma próxima e crucial medida que o Brasil deve adotar: garantir que aqueles que cometeram atrocidades sejam levados à Justiça", acrescentou.

A HRW sustenta que o relatório da comissão esclarece que não só membros de grupos armados foram perseguidos. Críticos, acadêmicos, religiosos, sindicalistas, trabalhadores rurais e até mesmo militares que defendiam o retorno da democracia foram alvos dos agentes da ditadura.

Publicidade

Para a diretora da organização de defesa dos direitos humanos, o relatório é considerado como histórico e não deve ser o final do processo. Seu conteúdo deve servir para que membros do Ministério Público redobrem os esforços para responsabilizar judicialmente os autores dos graves crimes.

  
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se