Salvador: crianças recebem cartilha sobre momento político

1 mai 2016 - 19h10

Famílias e representantes de movimentos sociais e centrais sindicais participam, desde as 10h de hoje (1º), no Farol da Barra, em Salvador, de manifestação pelo Dia do Trabalho e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O Ato Dos Trabalhadores Contra o Golpe começou com a participação de crianças, na parte da manhã, que interagiram em rodas de capoeira, pintura e bambolê no espaço Brincança no Ato. Também para as crianças foi distribuída uma cartilha que explica o atual momento político brasileiro e o processo de impeachment, em linguagem infantil.

Crianças  aprendem  brincando  o  significado  de  termos  como  impeachment
Crianças aprendem brincando o significado de termos como impeachment
Foto: Agência Brasil

"Somos um coletivo de mães, pais, amigos e parentes de crianças e estamos preocupados em como responder às demandas das crianças. O meu filho Pietro,de 6 anos, quer saber o que é impeachment e faz outras perguntas”, disse a professora universitária Rosana Boullosa. Ela explicou que o Brincança no Ato é um espaço lúdico para se divertir com as crianças e ajudar outros pais e mães que têm dificuldade de explicar essas questões aos filhos. “Por isso, criamos a cartilha, que as próprias crianças estão distribuindo. Mas sabemos que há limitações da idade que não nos permitem tratar o assunto de forma séria e aprofundada", acrescentou. Em cima de um trio elétrico, líderes sindicais deram início ao ato político ao meio-dia e dialogaram com os manifestantes sobre o processo de impeachment que está sendo analisado no Senado Federal. Caso o processo seja aprovado, Dilma Rousseff será afastada do governo por 180 dias e o vice-presidente Michel Temer assumirá o posto.

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A possibilidade de Temer assumir a Presidência é perigosa para os trabalhadores, afirmou um dos organizadores do ato, Walter Takemoto, da Frente Brasil Popular Bahia. "A classe trabalhadora tem que sair às ruas para manter seus direitos. O programa do Temer já anuncia uma série de medidas contrárias aos trabalhadores; por isso, hoje é um dia de luta contra o golpe e contra as medidas que ele já anunciou", diz Takemoto.

Participam do ato estudantes, professores, representantes de movimentos feministas, sindicatos municipais e estaduais, das centrais Única dos Trabalhadores (CUT) e dos Trabalhadores do Brasil (CTB).

Em Salvador, vermelho e branco são as cores predominantes entre os manifestantes
Foto: Agência Brasil

Para o presidente da CUT Bahia, Cedro Silva, a mobilização dos trabalhadores deve continuar, porque a possibilidade de aprovação do impeachment no Senado é grande. "A expectativa de aprovação no Senado é a pior possível, porque temos um Senado aliado ao Supremo Tribunal Federal, entreguista e golpista, que não merece confiança. A confiança é o povo na rua para barrar o golpe”, afirmou o sindicalista.

Cedro ressaltou que o ato deste domingo é uma comemoração do Dia do Trabalho, mas também de luta em defesa da democracia e contra o “golpe”, porque não o trabalhador não pode perder os direitos que conquistou legitimamente.

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Por volta das 14h30, ao chegar ao Farol da Barra, a deputada Moema Gramacho (PT-BA) foi recebida pelos manifestantes com elogios e agradecimentos por ter votado contra o impeachment na Câmara dos Deputados. À Agência Brasil, a parlamentar petista disse que "o golpe só mudou de endereço", já que agora está no Senado. "Custou muito para conseguirmos as conquistas que temos hoje. O que acontece, hoje, no Brasil é um golpe contra a democracia e, mais que isso, contra a classe trabalhadora. Continuaremos denunciando esse golpe porque não há crime de responsabilidade [fiscal, cometido por Dilma Rousseff]. No dia 17, nenhum deputado a favor do impeachment falou de crime, porque não há", afirmou Moema, que acompanhou uma fanfarra local no momento da chegada e conversou com algumas feministas. Entre os presentes ao ato, as cores vermelho e branco predominaram nas roupas, faixas, cartazes e bandeiras de partidos políticos, de apoio a Dilma, contra Cunha e denunciando o que chamam de "golpe". Bandas locais também se apresentam no ato cultural de hoje, alternando-se com os discursos de líderes trabalhistas.

Agência Brasil
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