Impeachment não terá votos para prosperar, diz líder do PSOL

4 dez 2015 - 13h31
(atualizado às 17h17)
Para Alencar, do PSOL, processo de impeachment não será aprovado na Câmara dos Deputados
Para Alencar, do PSOL, processo de impeachment não será aprovado na Câmara dos Deputados
Foto: Facebook / O Financista

SÃO PAULO - O líder do PSOL na Câmara dos Deputados, Chico Alencar, não esconde sua antipatia pelo governo da presidente Dilma Rousseff, mas critica a estrutura do documento que defende o pedido de impeachment da petista e que foi acatado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na quarta-feira (2). Ele não espera que o processo seja aprovado por conta do peso da base aliada.

“Como é preciso ter no plenário da Câmara 343 votos favoráveis ao impedimento, acho muito difícil o processo ir adiante a não ser que o governo esteja muito mais desconstruído do que imaginamos”, explica. “A conjuntura está muito dinâmica, mas acredito que o impeachment não tem votos no plenário para prosperar.”

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“O problema do pedido é que ele tem um vício de origem, que afeta a sua credibilidade. É o fato de ter sido acatado por Cunha, o questionadíssimo presidente da Câmara, como evidente retaliação à decisão do PT de não protegê-lo no conselho de ética. Isso configura um vício de origem muito grave”, afirma Alencar, em entrevista a O Financista.

Ele destaca que o atual modelo do impeachment não agrada nenhum parlamentar do PSOL. “Não faremos campanha ‘Fica Dilma’, mas também não vamos nos mobilizar a favor desses elementos ultraconservadores que lembram a ditadura. Como é possível alguém não questionar a legitimidade de um processo de impeachment acatado por Cunha que está afogado em lama de corrupção?”, questiona.

O líder do PSOL considera que a minoria da população entende que as "pedaladas fiscais", que são repasses atrasados da União a bancos públicos para o pagamento de subsídios e benefícios sociais, são elementos que afetam seu dia a dia a ponto de optarem por apoiar a saída da presidente. “O que pode dar fôlego ao impeachment é a crise e os seus efeitos, como o desemprego, por exemplo”, diz Alencar.

Sobre uma eventual saída de Dilma do comando do Palácio do Planalto, o deputado destaca que o vice-presidente, Michel Temer, não estabeleceria muitas mudanças, já que ele é o vice-presidente das pedaladas. “Colocar Temer no comando do Planalto é mudar o timoneiro, mas não representa nenhuma diferença na engrenagem do navio.” O parlamentar observa ainda que o peemedebista, que sempre primou pela discrição, deve estar aguardando o momento certo para agir.

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“O vice-presidente deve estar cogitando substituir Dilma, mas não acho que haverá uma mobilização mais contundente do mesmo.”

Indagado sobre a falta de protagonismo de Aécio na luta pela saída da petista, Chico afirma que o tucano teve sensibilidade e entendeu que a população passou a ter a percepção de que “a luta pelo impeachment vinha tendo um conteúdo de revanchismo em relação às eleições”.

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