A Frente Povo Sem Medo iniciou neste domingo (31) à tarde uma manifestação em defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, na capital paulista. Os manifestantes começaram a se reunir às 14h no Largo da Batata, zona oeste da cidade. Por volta das 16h15, eles saíram em caminhada, na direção da Praça Panamericana, local próximo à casa do presidente interino Michel Temer, no bairro Alto de Pinheiros.
O tema do ato é "Fora Temer! O povo deve decidir! Defender nossos direitos, radicalizar a democracia!". Segundo a Frente Povo Sem Medo, que considera o impeachment de Dilma um golpe, "não precisou nem dois meses para que as máscaras caíssem e as razões do golpe fossem expostas em praça pública", citando a queda de três ministros de Temer em um mês.
Representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que integra a Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos explicou que o ato tem três frentes: a destituição do presidente interino, a defesa dos direitos sociais e o direito de o povo decidir os rumos do país.
"A primeira é o Fora Temer, porque nós consideramos que esse governo é ilegítimo. [A segunda frente] é também em defesa dos nossos direitos que estão ameaçados com o programa do golpe, programa de regressão social no país, reforma da Previdência, reforma trabalhista, desmonte dos programas sociais, desmonte do SUS [Sistema Único de Saúde]. [A terceira] é que povo deve decidir. Um dos pontos desse ato é que o Congresso não tem autoridade, não tem credibilidade para definir os rumos do país, para definir a saída política para essa crise, então entendemos que o povo deve ser chamado a decidir", declarou Boulos.
Sobre um eventual plebiscito, Boulos disse que essa seria uma alternativa, não apenas para a questão do impeachment, mas para impulsionar a reforma política. De acordo com integrantes da Frente Povo Sem Medo, uma profunda reforma política é necessária porque o sistema político brasileiro faliu e perdeu qualquer vínculo de representação efetiva com a maior parte da sociedade.
Os movimentos defendem o que chamam de radicalização da democracia, por meio do enfrentamento do poder econômico nas eleições e na construção de mecanismos de maior participação popular na política. Os ativistas reivindicam ainda uma reforma tributária, com taxação de grandes fortunas, no lugar da reforma da Previdência; e as reformas urbana e agrária, em vez da reforma trabalhista. Para eles, essas medidas vão contemplar a maioria do povo brasileiro.
Políticos presentes
Os deputados federais Luiza Erundina e Ivan Valente, do PSOL-S
P, compareceram ao ato. "Eu lutei como muitos que aqui estão contra a ditadura militar. Fomos expulsas do Nordeste porque defendíamos a reforma agrária e a democracia", discursou Erundina do alto do carro de som. Ela chamou a população a ir às ruas defender a democracia e pedir a saída de Temer.
Também presente ao ato, o ex-senador Eduardo Suplicy defendeu a presidenta afastada Dilma Rousseff, dizendo que ela não cometeu crime de responsabilidade. Ele acrescentou que, se estivesse no Senado atualmente, votaria contra o impeachment e aconselhou os atuais senadores a votar contra o afastamento definitivo da presidenta.
Segundo Boulos, 40 mil pessoas participavam do ato às 16h15. No ato, havia bandeiras de diversas entidades, como Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, União da Juventude Socialista, Central Única dos Trabalhadores, União Nacional dos Estudantes, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Em todo o país, movimentos favoráveis e contrários ao impeachment de Dilma Rousseff promovem manifestações neste domingo.