Oposição fecha estratégia mirando no julgamento de Dilma

9 ago 2016 - 08h08
A presidente afastada Dilma Rousseff
A presidente afastada Dilma Rousseff
Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

Com o sentimento de que a pronúncia será aceita nesta terça-feira (9) pelo Senado, integrantes da oposição ao presidente em exercício da República, Michel Temer, elaboraram uma estratégia para levar o julgamento de Dilma Rousseff para setembro. A ideia é ganhar tempo ao mesmo tempo em que buscam os votos necessários para impedir a condenação da petista.

A estratégia consiste em apresentar questões de ordem no plenário do Senado para postergar a votação, na divulgação de uma carta aos brasileiros assinada por Dilma e também um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Parte dela já entrou em ação, como o pedido ao STF para o processo ser paralisado enquanto Temer não for investigado pela Procuradoria-Geral da República.

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As informações divulgadas na última edição da revista Veja, em que a construtora Odebretch teria destinado R$ 10 milhões ao PMDB provocaram um ajuste na estratégia. “Diante dos fatos que surgiram nesse final de semana, esta Casa deveria suspender a tramitação do processo do impeachment”, disse o líder da minoria, Lindbergh Farias (PT-RJ).

Farias e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) estiveram reunidos com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, na noite de ontem. Após o encontro, o líder da minoria adiantou que serão apresentadas até dez questões de ordem. “A gente acha que vai gastar umas duas horas”, disse o petista.

A sessão está marcada para começar às 9h. A estimativa é que ela dure entre 15 e 20 horas, já que todos os senadores terão direito a falar por até dez minutos. Até às 21h de ontem, 41 parlamentares estavam inscritos. O relator do processo, Antonio Anastasia (PSDB-MG), defesa e acusação terão meia hora cada.

Ao retardar o início da votação, os aliados de Dilma empurram o início do julgamento, caso se confirme a tendência de que a pronúncia seja aceita, para 26 de agosto, uma quinta-feira, de acordo com os prazos previstos na legislação. Depois, tentariam convencer Lewandowski a deixar o início do julgamento pelo menos para 29 de agosto.

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Carta

Para angariar apoio externo, Dilma deverá divulgar uma carta aos brasileiros. Ela defenderá a realização de um plebiscito para a realização de novas eleições. Pela Constituição Federal, há apenas a hipótese no caso de presidente e vice deixarem o cargo em definitivo. Nos primeiros dois anos de mandato, os eleitores seriam consultados para escolher o novo chefe da nação. Nos dois últimos, o pleito é indireto, pelo Congresso.

Quando a denúncia chegou ao Senado, senadores como Cristovam Buarque (PPS-DF), chegaram a sugerir que Dilma propusesse uma nova eleição. A petista resistiu à ideia, mas a admitiu depois de, segundo aliados, ver que teria um governo com muitas dificuldades políticas caso o impeachment não fosse aprovado.

Pressa

Aliados de Michel Temer defendem que o processo seja encerrado ainda em agosto. Afirmam que precisa acabar com o “clima de indefinição” no país. O processo começou a tramitar na Câmara em dezembro do ano passado. No Senado, a aceitação da denúncia ocorreu em 12 de maio.

“Após 120 dias da votação da admissibilidade na Câmara, estamos concluindo esse processo que não pode atrasar mais. Em nenhum momento se quebrou o rito definido pelo STF resguardado todo o direito a ampla defesa. Houve todo um protocolo de cumprimento de regras e normas que foi seguido à risca", afirmou o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO).

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Nos bastidores, além de evitar que ocorra uma mudança relevante de votos, aliados de Temer também querem evitar novos constrangimentos contra o peemedebista. Como, por exemplo, ter que viajar para o encontro da cúpula do G-20, na China, na condição de interino.

Fonte: Especial para Terra
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