A presidente Dilma Rousseff disse hoje (6) que vai resistir ao processo de impeachment que tramita contra ela no Senado Federal. “Eu tenho a disposição de resistir. Resistirei até o último dia”, afirmou durante cerimônia de assinatura de contratos para construção de 25 mil unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida com entidades rurais e urbanas, no Palácio do Planalto.
A Comissão do Impeachment no Senado vota nesta sexta-feira (6) o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) favorável à admissibilidade do processo contra a presidente Dilma Rousseff.
“A história deixará bem claro quem é quem nesse processo. Por isso, sempre quiseram que eu renunciasse. Eu sou muito incômoda. Primeiro, porque sou a presidente eleita; segundo, porque eu não cometi nenhum crime; terceiro, porque se eu renuncio, eu deixo e enterro a prova viva de um golpe absolutamente sem base legal e que tem por objetivo ferir conquistas adquiridas ao longo dos últimos 13 anos”, acrescentou Dilma.
Ela voltou a atacar o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente Michel Temer a quem acusou de serem cúmplices no seu processo de afastamento. “É golpe explícito e desvio de poder. O pecado original deste processo não pode ficar escondido. Todos aqueles que são beneficiários desse processo – por exemplo, aqueles que estão usurpando o poder, infelizmente, o senhor vice-presidente da República – são cúmplices do processo extremamente grave. A garantia que eu tenho é que isso está registrado. O registro está nas nossas consciências, na consciência do povo brasileiro”, afirmou.
Para a presidente, o que está em curso é uma eleição indireta “travestida de impeachment”. "Vão querer, na maior cara de pau, aplicar um programa que não foi o referendado nas urnas. O meu processo é tão violento porque foi necessário uma pessoa destituída de princípios morais e éticos, acusada de lavagem de dinheiro e de contas no exterior para perpetrar o golpe. Ontem, o Supremo (Tribunal Federal) disse que o senhor Eduardo Cunha era uma pessoa que usava de práticas condenáveis. Uma das práticas mais condenáveis foi a chantagem explícita feita pelo senhor Eduardo Cunha com o meu governo”, disse.
Dilma voltou a afirmar que Cunha aceitou o processo de impedimento porque o governo não deu os votos necessários para evitar a abertura da investigação contra o peemedebista no Conselho de Ética da Câmara. “Quando ele entra com processo de impeachment, ele ameaça o governo da seguinte forma: se vocês não derem três votos para impedir que a Comissão de Ética da Câmara me condene, eu aceito o pedido de impeachment”.
A assessoria do vice-presidente informou que Temer não comentará o que chamou de "agressões".