O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chamou nesta terça-feira (30) de “legítima” a crítica da presidente Dilma Rousseff à delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, na Operação Lava Jato. Para Cardozo, Dilma expressou uma indignação típica de uma “pessoa honesta” ao traçar um paralelo entre o episódio e seu passado de presa política.
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“A posição da presidenta é absolutamente legítima e expressou a indignação diante de sua postura histórica, reconhecida. A presidenta é uma pessoa honesta e reagiu com a contundência de pessoas que se sentem injustiçadas com acusações indevidas. Ela tem o legítimo direito de falar o que ela acha”, disse Cardozo.
Ontem, ao falar pela primeira vez sobre a delação premiada de Ricardo Pessoa, Dilma disse que “não respeita delator”. “Até porque fui presa na ditadura militar e sei o que é”, disse a presidente. Em depoimento, o dono da UTC disse ter repassado R$ 7,5 milhões à campanha da petista por pressão do hoje ministro Edinho Silva, que nega a acusação.
Em entrevista coletiva nesta terça, Cardozo disse que Dilma tem uma “honestidade intrínseca” e que a “leve possibilidade” de ser atingida pelas falas do delator gera indignação. “É a indignação legítima daqueles que são honestos e preservam sua honestidade”, disse.
Para o ministro, que é responsável pela Polícia Federal, a delação premiada deve ser tratada com cautela. Delações são guias investigativas, são orientações de investigação e não podem sacramentar uma investigação. Porque o delator pode falar a verdade, pode falar meias verdades e mentir”, disse.
Cardozo defende investigação de excessos
Criticado por petistas pela falta de controle na Operação Lava Jato, o ministro José Eduardo Cardozo disse que tem aberto investigações para apurar vazamentos e excessos em investigações da PF. Ele disse ter determinado ontem a abertura de inquérito para investigar vazamentos da Operação Acrônimo, que investiga o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Para o ministro, a realização de sindicâncias e investigações de abusos deve ser feita quando há indícios de irregularidades. Segundo ele, a PF está perto de encontrar o responsável pelo vazamento de informações em uma operação. “Há quem ache que o ministro deve interferir, seguir de acordo com suas convicções político-ideológicas. Enquanto aqui estiver, seguirei minha consciência”, disse.