Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, teria financiado a construção de prédios ilegais da milícia do Rio de Janeiro com dinheiro público, do esquema de "rachadinha", coletado no antigo gabinete dele na Assembleia Legislativa do estado. Essa denúncia é do site de The Intercept Brasil, que teve acesso a documentos sigilosos do Ministério Público do Rio.
O avanço nas investigações do caso teria sido um dos motivos para a pressão de Bolsonaro para que Sergio Moro trocasse o comando da Polícia Federal do estado e em Brasília. No entanto, o ex-juiz não aceitou e acabou deixando o Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
Na entrevista coletiva em que anunciou a sua demissão, Moro declarou que o presidente queria alguém para quem ele pudesse ligar no comando da PF e que tinha existido interferência política nas investigações.
De acordo com o Intercept, as investigações cruzaram informações bancárias de 86 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema ilegal para descobrir como funciona o esquema. Flávio Bolsonaro receberia o lucro do investimentos da edificações por meio de repasses do ex-capitão do Bope Adriano de Nóbrega, morto em fevereiro, e do ex-assessor Fábrício Queiroz.
Segundo o site, o esquema funcionava da seguinte maneira: Flávio pagava os seus funcionários com a verba do seu gabinete na Alerj. Na sequência, Queiroz, que é apontado como o articulador do esquema de rachadinhas e que o presidente afirmou no pronunciamento de sexta-feira conhecer desde a década de 1980, confiscava em média 40% dos vencimentos dos servidores e repassava esse valor para Adriano de Nóbrega, que é apontado pelas investigações como o chefe do Escritório do Crime, milícia especializada em assassinatos por encomendo.
A organização atua em Rio das Pedras e Muzema também na cobrança de "taxas de segurança", ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água, exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terra e construção civil.
As duas favelas tiveram um grande boom de construções irregulares nos últimos anos. O lucro desses prédios, segundo as investigações, também era dividido por Flávio, considerado o financiador do esquema com dinheiro público.
O Ministério Público apurou que os repasses da rachadinha para o capitão Adriano acontecia por meio des contas da sua mãe, Raimunda Vera Magaçhães, e sua mulher, Dabielle da Costa Nóbrega. Ambas tinham cargos comissionados no gabinete do deputado na Alerj entre 2016 e 2017 e foram nomeadas por Queiroz.
As investigações apontam que a mãe e a mulher de Adriano movimentaram ao menos R$ 1,1 milhão durante o período analisado. Elas teriam feito repasse de dinheiro para algumas empresas, entre elas dois restaurantes, uma loja de material de construção e três pequenas construtoras, que teriam sido registrados em nomes de "laranjas" do Escritório do Crime