Invasão de bolsonaristas: ex-PGR diz que 'omissão' justifica intervenção federal no DF

Apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram Supremo, Planalto e Congresso, destruindo vidraças e depredando o patrimônio público. Presidente Lula acaba de decretar intervenção federal. Para Roberto Gurgel, que foi PGR entre 2009 e 2013, 'omissão' sugere conivência do governo do DF.

9 jan 2023 - 02h07
(atualizado às 07h19)
Bolsonaristas invadem Palácio do Planalto
Bolsonaristas invadem Palácio do Planalto
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel disse neste domingo (8) à BBC News Brasil que houve "omissão escandalosa" do governo do Distrito Federal na invasão de bolsonaristas ao Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e Palácio do Planalto.

Para Gurgel, essa "omissão" sugere que existe uma "conivência" com os invasores, o que justifica a intervenção federal na segurança pública do DF, decretada no fim da tarde deste domingo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"Diante da escandalosa omissão das autoridades do Distrito Federal, sugerindo possível conivência, temos presente, a meu ver, claríssima hipótese de intervenção federal no Distrito Federal", disse Gurgel, que foi procurador-geral da República por dois mandatos, entre 2009 e 2013.

Com a decretação da intervenção federal, o comando da segurança pública no DF passa temporariamente a um interventor subordinado à Presidência da República.

"Não existe precedente o que essa gente fez e, por isso, essa gente terá que ser punida. Nós vamos inclusive descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram à Brasília e todos eles pagarão com a força da lei esse gesto de irresponsabilidade, esse gesto antidemocrático e esse gesto de vândalos e fascistas", disse Lula ao anunciar que editou decreto para que o governo federal assuma o controle das ações de segurança na capital federal.

Mais cedo neste domingo, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, demitiu seu secretário de segurança Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro. Mas políticos e juristas criticaram a demora do governador em agir e a inércia da Polícia Militar do DF diante dos invasores, além de levantarem suspeitas de que Anderson Torres, aliado de Bolsonaro, estaria agindo com conivência com os invasores.

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"O interventor poderá requisitar, se necessário, os recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e humanos do Distrito Federal afetos ao objeto e necessários à consecução dos objetivos da intervenção", diz o decreto editado por Lula.

Com a intervenção, poderão ser mobilizados "quaisquer orgãos, civis e militares" para conter a violência e a depredação do patrimônio público. Ou seja, poderão ser utilizados efetivos da PM, Polícia Civil, Força Nacional ou Forças Armadas.

Invasão e destruição

Bolsonaristas quebraram vidraças, copos, portas e depredaram as salas do Planalto e do Supremo
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram neste domingo áreas do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto.

O grupo, que estava concentrado na frente do Quartel-General do Exército, se deslocou para a Esplanada dos Ministérios no início da tarde de domingo. Imagens veiculadas por emissoras de TV mostram centenas de pessoas nas rampas que dão acesso ao Congresso e ao Palácio do Planalto e em volta do prédio do STF.

No Congresso, centenas de pessoas subiram na laje do edifício, enquanto parte do grupo ingressou no Salão Verde e no plenário do Senado. As imagens mostram vidraças quebradas e pessoas enroladas em bandeiras do Brasil caminhando com tranquilidade dentro do prédio.

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Outras imagens mostram membros do grupo dentro do gabinete da Presidência da República, no Palácio do Planalto, e no plenário do STF. Nesses locais, vidros também foram quebrados.

Por volta das 17h, segundo imagens de helicóptero transmitidas pela emissora GloboNews, seguranças haviam conseguido retomar o prédio do STF e expulsar os invasores.

Nos arredores do Congresso, policiais tentavam frear o avanço do grupo com spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

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