Apoiada pelo governo Lula, a extensão da isenção de impostos das igrejas para "associações beneficentes e assistenciais" na Reforma Tributária vai beneficiar ao menos 40 entidades filantrópicas, casas de repouso e instituições de ensino ligadas a pastores evangélicos que apoiaram a reeleição de Jair Bolsonaro. A informação é do jornal O Globo.
Essa emenda foi aprovada pela Câmara dos Deputados e está em tramitação no Senado. O texto recebeu o apoio dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e é o maior aceno do presidente aos evangélicos desde o começo do mandato.
"No início da [discussão da] PEC [Proposta de Emenda à Constituição], ainda no mandato de Bolsonaro, fiz pontuações ao relator para evitar excessos que a Receita vem cometendo com as entidades religiosas. Tomei a frente para conversar com o governo Lula sobre o tema e assim foi aceita a inclusão do artigo. Não alcançamos tudo que queríamos, mas foi um grande avanço, tem que tirar o chapéu [para Lula]", disse Cezinha de Madureira (PSD-SP), da Assembleia de Deus, ao jornal.
A extensão da isenção também agradou outros líderes evangélicos que estiveram ao lado de Bolsonaro, como o fundador da Comunidade Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho. Ele terá pelo menos duas organizações beneficiadas pela imunidade tributária.
Outros pastores que serão beneficiados são José Wellington Bezerra, Silas Malafaia, Abner Ferreira, Samuel e Keila Ferreira, da Assembleia de Deus. A Universal, de Edir Macedo, e a Lagoinha, de Márcio Valadão, também têm instituições que ficarão isentas.
Apesar disso, metade da bancada na Câmara dos Deputados votou contra a Reforma Tributária e alegou questões com outros artigos do projeto e orientação partidária.
As instituições mapeadas pelo jornal O Globo têm como finalidade oferecer à igreja apoio logístico e parceria como agência missionária, servir como casa de repouso para idosos ou fornecer ensino religioso e formação educativa aos fiéis.