O ministro Joaquim Barbosa anunciou nesta quinta-feira que vai deixar a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo mês, quando se aposentará, afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"O ministro veio se despedir. Ele estará deixando o Supremo Tribunal Federal. Ele falou que vai se aposentar agora, no próximo mês", declarou Calheiros após receber em uma audiência privada o magistrado, que por sua vez não fez declarações.
"É um motivo surpreendente e triste. Sentimos muito, porque ele é uma das melhores referências do Brasil", acrescentou o parlamentar, a quem Barbosa visitou após ser recebido, também em particular, pela presidente Dilma Rousseff.
Barbosa, de 59 anos, foi o primeiro presidente negro do STF e foi eleito em outubro de 2012 pelos outros dez membros da corte, que mantiveram a tradição de designar para o cargo o juiz com mais tempo no tribunal e que ainda não tinha ocupado a presidência.
Ele ganhou notoriedade nacional por sua personalidade inflexível no julgamento do mensalão, que teve 37 acusados, dos quais 25 foram declarados culpados, em boa parte pelo trabalho de Barbosa, que propôs duras penas para os culpados, que incluíram influentes líderes do PT, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino.
Barbosa também se tornou alvo de contínuas críticas da esquerda e em particular do PT e do próprio Lula, que considerou que o julgamento foi "80% político e só 20% jurídico".
Vários partidos de oposição cogitaram a ideia de lhe propor uma candidatura ao Senado ou até à presidência da República nas eleições de outubro, mas Barbosa sempre negou que a política estivesse em seus planos imediatos.
No entanto, em declarações que concedeu no ano passado, admitiu que para o pleito de 2018 não descartava concorrer a algum cargo eletivo.