BRASÍLIA - Você conhece alguém que o apresentador Silvio Santos, dono do SBT, tenha dito que é melhor do que ele na função? O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) afirma - ainda que discordando do seu ex-chefe - que aconteceu com ele.
Kajuru contou sobre o elogio no "Joga na Busca" deste sábado, 26. O quadro traz as dúvidas mais comuns dos brasileiros sobre figuras influentes da política brasileira.
Conhecido pelo trabalho no passado como jornalista e apresentador televisivo, Kajuru, agora no Senado, mantém o mesmo estilo polêmico e sem meio termo. "Eu faço pronunciamento lendo, porque se eu fizer de improviso, levo 20 processos por dia. Xingo Lula e todo mundo que você quiser", disse.
Ele é suplente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e titular em outros cinco colegiados.
Ao quadro do Estadão, ele contou do problema de visão que o fez perder um olho e prejudicar gravemente o outro. "Minha letra (nos textos de pronunciamento) tem que ter um marca-texto amarelo, caixa-alta e negrito para eu poder enxergar. Mas está tudo bem. Deus é tão bom comigo que ele tirou a visão para eu não ter que chegar a um lugar e enxergar Aécio Neves", afirmou.
Kajuru falou da ligação com o apresentador Datena, a quem chama de pessoa mais importante da vida dele, depois apenas da mãe dele, e da relação com Silvio Santos, que o empregou depois de uma controversa demissão da Band. "O homem mais honesto que conheci na minha vida."
Kajuru relatou que o dono do SBT deixou claro o quanto gostava do trabalho dele. "Estou te contratando porque você me dá audiência, você é bom comunicador, você é melhor do que eu, inclusive. Eu disse: 'Você está doido, Silvio?'. Claro que você é, por isso que eu te contratei."
Veja a entrevista:
Jorge Kajuru é irmão do Datena?
São 50 anos de amizade. Estou com 62, conheci Datena com 12 anos. Datena é irmão, é pai, é para mim a pessoa mais importante da minha vida depois da minha mãe.
Jorge Kajuru tem o que no olho?
Eu tive um problema de retina, o descolamento de retina, aqui não é olho, aqui é protése. Infelizmente, eu perdi. Estava em Itatiba, naquele spa Sete Voltas, na época eu, a (Adriane) Galisteu e a mãe dela, e eu comecei a ter a sensação de moscas volantes. Aquilo me incomodava. A dona do spa, a dona Miriam, ela ficou preocupada no quinto dia, porque estava demais a sensação de moscas volantes. Ela me levou até Jundiaí, porque não queria chegar a São Paulo que demoraria muito. Fui atendido por um médico, nunca vou esquecê-lo, o doutor Bertoni. Ele disse: "Kajuru, você tem que operar agora". Falei: "Vambora" (sic). Fui para o hospital Santa Cruz, lá em São Paulo e operei. Infelizmente, não houve tempo, eu perdi, descolou toda a retina, e tive que passar a usar prótese. Veio a retina também nesse olho, mas graças a Deus estou recuperando. Não consigo enxergar como eu enxergava. Eu faço pronunciamento lendo, porque se eu fizer de improviso, levo 20 processos por dia. Xingo Lula, xingo todo mundo que você quiser. Então, hoje, meu pronunciamento tem que ser escrito. E, nesse pronunciamento, minha letra está chegando a quase 40. Tem um marca-texto amarelo, caixa-alta e negrito para eu poder enxergar. Mas está tudo bem. Quem eu quero enxergar, eu enxergo. Deus é tão bom comigo que ele tirou a visão para eu não ter que chegar num lugar e enxergar um Aécio Neves, por exemplo. Você imagina?
Jorge Kajuru é casado?
Já fui casado várias vezes, estou permanentemente amando. Eu não sei viver esta vida sem amar de forma sincera, de forma inteira, e, modéstia à parte, sou bom disso.
Jorge Kajuru é de que partido?
Meu partido politicamente é histórico. É histórico, tem 80 anos, é o PSB, Partido Socialista Brasileiro, de Miguel Arraes, de Eduardo Campos, amigos, aprendi demais com os dois. Não tenho muita paixão por partido, não. Mas com o PSB é diferente. Eu tenho um amor profundo.
Jorge Kajuru é bom para quê?
É bom para o próximo. Nunca fiz mal para ninguém. Só fiz mal para bandido, que critiquei, denunciei. Mas para as pessoas do bem, eu só fiz o bem.
Uma curiosidade sobre o senhor...
Quando Silvio Santos me contratou, depois de eu ter sido demitido ao vivo da Band, eu ganha R$ 350 mil por mês, era a maior audiência da Band. Para mim, era o fim da minha carreira. E ele me entregou o programa da Hebe para eu ser diretor. Olha o privilégio. Quando ele me contratou, ele falou: "Kajuru, vou te pagar R$ 30 mil, está bom?" Falei: "Não, Silvio, está pouco. Porque Silvio, vou ser diretor do programa, eu tenho que trabalhar todo dia e você me deu o cargo de editor. Porque na época, era a época do mensalão. A Hebe Camargo chamava Lula todo dia de ladrão, e o Silvio mandava colocar e pronto. Eu nunca vi um cara te dar tanta liberdade. Ele nunca mandou eu cortar nada do programa. Fui falar para ele: "Silvio, quem não tem gratidão não tem caráter. Eu quero falar para você da minha gratidão de você estar me dando emprego depois da demissão que sofri. Ele: "Para, para, para. Pode ir embora, Kajuru. Porque ninguém conversa com Silvio Santos mais do que cinco minutos". Ele te recebe no camarim dele rápido, curto, grosso e objetivo. O homem mais honesto que conheci na minha vida. Patrão inigualável. Ele falou: "Kajuru, esquece gratidão. Estou te contratando porque você me dá audiência, você é bom comunicador, você é melhor do que eu, inclusive". Eu disse: "Você está doido, Silvio?". "Claro que você é, por isso que eu te contratei. Agora, gratidão não existe, Kajuru. A relação nossa é profissional. Se amanhã você não me der audiência, vou te mandar embora, vou te demitir." É algo que eu aprendi, que ouvi do Silvio Santos, nunca contei para ninguém e que não vou esquecer jamais.