O juiz federal Sérgio Moro aceitou nesta quarta-feira (17) a última denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal na Operação Lava Jato. Desta vez, viraram réus o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o executivo da Toyo-Setal Júlio Camargo. No mesmo processo está incluído o doleiro Alberto Youssef, que responderá em mais uma ação penal pela participação no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
A denúncia aceita por Moro é relativa à área internacional da Petrobras e foi apresentada à Justiça no domingo à noite. De acordo com o Ministério Público, ocorreram fraudes na contratação de um navio sonda em dois negócios da estatal. Um para perfuração de poços de petróleo em águas profundas na África do Sul e outro no Golfo do México. Os crimes, segundo os procuradores, tiveram como marco temporal os anos de 2006 e 2012.
No caso, os procuradores federais querem a condenação de Youssef por lavagem de dinheiro e de Camargo por corrupção ativa, crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Já Cerveró e Fernando Baiano responderão por corrupção e lavagem. Além da condenação, a força-tarefa do MPF quer o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 156 milhões, equivalente ao desviado para propina entre 2006 e 2012, e também o confisco de outros R$ 140 milhões.
Na decisão, Moro disse que a acusação é baseada "em larga escala" nos depoimentos dados pelos investigados, como Youssef e Camargo. Mas ressalta que existem outros indícios, neste momento suficientes para a abertura de uma ação penal contra os quatro. No total, as 39 pessoas denunciadas pelo MPF passaram de investigados a réus na Justiça pelo envolvimento no esquema que movimentou ao menos R$ 10 bilhões de 2004 para cá.
"No presente caso, reuniu o MPF um número significativo de documentos que amparam as afirmações constantes nas denúncias, especialmente o envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sondas e as dezenas de transações financeiras relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro", afirmou Moro.