MG: ex de Valério 'expulsa' namorada do empresário de fazenda

25 nov 2013 - 17h00
(atualizado às 17h01)
<p>Condenado no julgamento do mensalão, Marcos Valério se entregou à Polícia Federal de Minas Gerais no dia 15 e novembro</p>
Condenado no julgamento do mensalão, Marcos Valério se entregou à Polícia Federal de Minas Gerais no dia 15 e novembro
Foto: Wesley Rodrigues/Hoje em Dia / Futura Press

A ex-mulher do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza Renilda Santiago retirou da casa onde Valério mora todos os pertences pessoais e roupas da atual namorada do empresário, a estudante Aline Couto Chaves, 21 anos. A informação foi confirmada nesta segunda-feira pelo capitão da Polícia Militar, Wener Itamar Pimenta, da PM de Caetanópolis, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, onde fica localizada a fazenda Santa Clara, atual domicílio do empresário.

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Segundo o policial, na manhã do último sábado a namorada de Valério foi até o batalhão da PM relatar que havia recebido o telefonema de um funcionário da fazenda dizendo que a patroa dele, Renilda, estaria indo até a propriedade para retirá-la do local. “Os policiais se deslocaram até a fazenda e, quando chegaram lá, a Renilda já estava. Ela apresentou a certidão de casamento e disse que ainda é a esposa oficial do Marcos Valério, e que está apenas separada 'de corpos', não nos papéis”, explicou. “A Renilda falou para a PM que é a responsável por tomar conta e administrar os bens da família”, disse.

De acordo com o policial, a ex-mulher e atual de Marcos Valério não chegaram a se encontrar: “A Aline ficou na viatura, não desceu do carro. Ela disse que é companheira do Marcos Valério há um ano, mas há cinco meses estava morando com ele na fazenda Santa Clara”, continuou. 

Ainda de acordo com a PM, Renilda Santiago retirou todos os pertences pessoais e roupas de Aline e colocou do lado de fora da casa. “A ocorrência não relata se estavam em mala ou acondicionados, mas a Aline não pegou nada. Ela foi orientada a deixar o local e procurar a Justiça”, completou o policial. 

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A Fazenda Santa Clara é a atual residência de Marcos Valério há pelo menos dois anos. O empresário deixou a propriedade no último dia 15 para se entregar à Polícia Federal, depois de ter mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal por ter sido condenado no processo do mensalão. Desde então, a namorada do empresário estaria morando na casa, até o último sábado, quando foi obrigada a sair.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado doPP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PPPR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

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No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses).

Após a Suprema Corte publicar o acórdão do processo, em 2013, os advogados entraram com os recursos. Os primeiros a serem analisados foram os embargos de declaração, que têm como função questionar contradições e obscuridades no acórdão, sem entrar no mérito das condenações. Em seguida, o STF decidiu, por seis votos a cinco, que as defesas também poderiam apresentar os embargos infringentes, que possibilitariam um novo julgamento para réus que foram condenados por um placar dividido – esses recursos devem ser julgados em 2014.

Em 15 de novembro de 2013, o ministro Joaquim Barbosa decretou as primeiras 12 prisões de condenados, após decisão dos ministros de executar apenas as sentenças dos crimes que não foram objeto de embargos infringentes. Os réus nesta situação eram: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Henrique Pizzolato, Simone Vasconcelos, Romeu Queiroz e Jacinto Lamas. Todos eles se apresentaram à Polícia Federal, menos Pizzolato, que fugiu para a Itália.

Fonte: Especial para Terra
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