Juscelino Filho nomeou nos Correios apadrinhado de senador que empregou seu fantasma

Weverton Rocha apadrinhou nomeação de diretor administrativo da estatal e deu emprego no Senado para sócio do ministro das Comunicações

6 mar 2023 - 13h51
(atualizado às 15h05)
Juscelino Filho
Juscelino Filho
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, deu uma das diretorias dos Correios, empresa vinculada à pasta, a um apadrinhado do senador Weverton Rocha (PDT-MA), seu compadre. Weverton, por sua vez, empregou no Senado o sócio do haras do ministro. O Estadão revelou que o indicado do ministro é funcionário fantasma no gabinete da liderança do PDT no Senado.

O advogado José Rorício Aguiar de Vasconcelos Junior foi indicado para a função de diretor administrativo dos Correios pelo Ministério das Comunicações. O nome dele foi aprovado pelo Conselho de Administração dos Correios em 3 de fevereiro. O salário é de R$ 40,6 mil. O currículo dele não aparece no site dos Correios.

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Na cota de Weverton, Rorício foi diretor financeiro do Detran do Maranhão no governo de Flávio Dino, hoje ministro da Justiça. Ambos eram aliados, mas romperam nas eleições depois que o grupo se dividiu na disputa ao governo local. O senador enfrentou Carlos Brandão (PSB), apoiado por Dino, e foi derrotado.

Juscelino Filho e Weverton Rocha são compadres e aliados de primeira hora. O senador foi um dos avalizadores da indicação do ministro para as Comunicações, pasta com orçamento de R$ 3 bilhões e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregou ao União Brasil.

Como mostrou o Estadão, um sócio do haras controlado por Juscelino Filho no interior do Maranhão foi nomeado no gabinete da liderança do PDT, mas era um "fantasma" no local. O chefe do gabinete admitiu que ele não dava expediente lá. Depois do contato feito pela reportagem, Gustavo Gaspar foi transferido para a 2ª secretaria do Senado, comandada por Weverton Rocha desde fevereiro.

Gaspar é um homem de confiança do ministro na política e nos negócios. A irmã dele, Tatiana Gaspar, foi contratada por Juscelino como assessora especial do Ministério das Comunicações, com salário de R$ 13,2 mil. Quando deputado, ele já havia empregado o pai de Gaspar, de 80 anos, com salário de R$ 15,7 mil. Em 2007, Juscelino Filho vendeu 165 mil metros quadrados da área do haras da família para Gaspar por R$ 50 mil (R$ 124 mil atuais). Em 2018, o então deputado readquiriu o terreno por R$ 167 mil (R$ 215 mil).

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Documento obtido pelo Estadão mostra recompra de terreno do haras, em Vitorino Freire (MA), por Juscelino Filho, em 2018. Dono era Gustavo Gaspar, hoje comissionado do Senado.
Foto: Reprodução/Estadão / Estadão

No papel, Gustavo Gaspar é um dos sócios do Parque & Haras Luanna, onde Juscelino Filho cria cavalos da raça Quarto de Milha. O ministro é quem lidera o negócio, mas não aparece formalmente nos registros. A outra sócia é Luanna Rezende, irmã de Juscelino e prefeita de Vitorino Freire (MA), cidade controlada pela família e onde está localizado o empreendimento. O Estadão telefonou para o haras. Quem atendeu não soube informar quem era Gustavo Gaspar e pediu para a reportagem falar com Juscelino para saber quem administra o estabelecimento.

O ministro das Comunicações foi convocado por Lula para uma reunião na tarde desta segunda-feira na qual deverá prestar explicações sobre as denúncias. Juscelino filho usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e diárias para ir a eventos privados relacionados a cavalos em São Paulo. Além disso, abriu espaço para bolsonaristas no ministério e usou o orçamento secreto para pavimentar uma estrada de 19 km que corta fazendas da família dele no Maranhão.

O União Brasil atua para que Lula mantenha o ministro nas funções. Em uma nota divulgada no domingo, 5, líderes do partido na Câmara e no Senado criticaram a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann. Ela havia cobrado publicamente a saída de Juscelino filho do cargo.

"Quando atitudes dos seus aliados são contestadas — e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do País — a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos", destacou a nota assinada pelo deputado Elmar Nascimento (BA) e pelo senador Efraim Filho (PB).

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