A Justiça Federal do Paraná aceitou nesta quarta-feira denúncia por lavagem de dinheiro contra Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, ao mesmo tempo que não acatou pedido do Ministério Público Federal sobre denúncia de formação de quadrilha.
Cerveró está preso e já responde processo por seu suposto envolvimento nas irregularidades apuradas pela operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras no qual empreiteiras teriam formado um cartel para vencerem licitações de obras da estatal.
Essas empreiteiras pagariam propina para diretores, operadores que lavariam o dinheiro do esquema, partidos e políticos.
Na denúncia aceita nesta quarta, Cerveró se tornou réu por lavagem de dinheiro ao lado do uruguaio Oscar Algorta. De acordo com o Ministério Público, Cerveró teria alugado uma cobertura de luxo no Rio de Janeiro que pertencia à offshore uruguaia Jolmey, que tinha Algorta como presidente do Conselho mas, segundo a denúncia, na verdade, pertenceria a Cerveró.
De acordo com o MP, o imóvel também pertencia a Cerveró, que o teria adquirido com recursos de propina do esquema na Petrobras. Ele teria simulado a locação para ocultar a real propriedade e afastar suspeitas de enriquecimento ilícito contra ex-diretor.
A Justiça também decidiu que a denúncia de formação de quadrilha contra Cerveró e Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e que já responde a processo na Lava Jato acusado de ser um operadores do esquema, deve ser apresentada separadamente.
"No que se refere a segunda parte da denúncia, entende este Juízo que a eventual imputação do crime de quadrilha contra Nestor Cerveró e Fernando Baiano deve ser formulada em autos próprios, já que apesar de sua vinculação aos processos de investigação e persecução penal na assim denominada operação Lava Jato, não há relação direta desta imputação de quadrilha com o crime de lavagem que é objeto da primeira parte desta denúncia", afirma a decisão.
A decisão também determina o sequestro da cobertura de luxo no Rio de Janeiro.
Com a denúncia aceita contra Algorta, sobe para 40 o número de pessoas que respondem a processos na Justiça relacionados à Lava Jato.
Além de Cerveró, outro ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que comandou a área de Abastecimento, também é réu.
São réus ainda 23 pessoas ligadas a seis das maiores empreiteiras do Brasil e o doleiro Alberto Youssef, apontado como operador do esquema.
Costa e Youssef fizeram acordos de delação premiada com a Justiça e apontaram a participação de políticos no esquema.
A Procuradoria-Geral da República montou uma força-tarefa para analisar o envolvimento de políticos com mandato, que só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
(Reportagem de Eduardo Simões)