O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, teve os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça do Rio de Janeiro no âmbito de investigação sobre suspeita de contratação de funcionários fantasmas e a prática da chamada "rachadinha" em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, disseram nesta terça-feira duas fontes com conhecimento da decisão.
As investigações se baseiam em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre compra de imóvel, sociedade em empresa e manutenção de recursos em espécie pelo vereador, de acordo com uma das fontes.
A denúncia apresentada pelo Ministério Público afirma ainda que uma grande quantidade de funcionários foi contratada para o gabinete do vereador ao longo dos últimos anos, de forma suspeita, acrescentou a fonte.
Procurado, o Ministério Público disse que não poderia confirmar a informação sobre a quebra dos sigilos do vereador devido ao sigilo decretado pela Justiça sobre o processo.
"O inquérito que apura a contratação de supostos funcionários fantasmas e da prática de ´rachadinha´ no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro tramita na 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, que, em razão do sigilo decretado, não fornecerá outras informações", informou o MP em nota.
O advogado do vereador, Antônio Carlos Fonseca, negou eventuais irregularidades cometidas por Carlos Bolsonaro. "Não há incompatibilidade de patrimônio e movimentação do vereador", disse ele à Reuters.
Para o advogado, a investigação teria segundas intenções. "É um interesse provavelmente para atacar o pai. O pedido do MP foi feito em maio e já pedimos cópia e nunca tivemos", afirmou.
Irmão de Carlos, o senador Flávio Bolsonaro já foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro à Justiça no caso que apura um alegado esquema de "rachadinha" quando era deputado estadual. Ele também é acusado de ter praticado os crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
Nesta terça-feira, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal adiou o julgamento do recurso do MP sobre a prerrogativa de foro de Flávio.
O esquema de rachadinha envolve a contratação de pessoas próximas como funcionários do gabinete parlamentar e, em seguida, o recebimento pelo deputado de parte dos salários de seus assessores de volta.