Em depoimento na terceira audiência da fase judicial da Lava Jato, o empresário Júlio Camargo confirmou, na quarta-feira, ter pago R$ 15 milhões ao ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Engenharia e Serviços) em propina para obter um contrato com a estatal.
Camargo, que na ação referente à UTC e à Camargo Corrêa já havia admitido o pagamento de R$ 12 milhões em propina para a obra da Refinaria Presidente Vargas (Repar), no Paraná, agora, disse ter adotado a mesma prática em benefício do consórcio Ecovap, formado pelas empresas Toyo, Setal Óleo e Gás e OAS, responsável pela construção da Revap, em São José dos Campos (SP), no valor de R$ 1,5 bilhão.
Ele disse que o pagamento foi dividido ao meio entre os dois então executivos da Petrobras. No caso de Duque, parte do dinheiro foi depositada em contas no exterior indicadas pelo ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco e o restante, em dinheiro no Brasil. Já o pagamento a Costa foi
feito em contas no exterior indicadas pelo doleiro Alberto Youssef, afirmou Camargo. Parte deste pagamento, diz o delator, foi feito através da contratação de investimentos junto à empresa GFD, ligada ao doleiro.
“A parte para o Paulo Roberto (Costa) foi enviada na maioria para o exterior. Quando era solicitado em reais, eu depositava para o senhor Alberto (Youssef), que fazia a remessa”, disse. Camargo afirmou ter atuado como consultor do consórcio cobrando um percentual do contrato para negociar com a Petrobras e, desse valor, tirava a “comissão” para os diretores da Petrobras. “Eu nunca discuti a questão de propina com as empresas que me contratavam, apenas agregava o custo no contrato da minha consultoria. Como meu contrato era condicionado ao sucesso, precisava fazer o pagamento dessa comissão”, disse. “O valor de referência era sempre 1%”, acrescentou.