Acionistas da JBS foram vítimas dos irmãos Batista, diz PF

13 set 2017 - 12h36
(atualizado às 12h39)

Os acionistas da empresa JBS e o mercado financeiro de modo geral foram os maiores prejudicados pelo crime financeiro praticado pelos irmãos Wesley Batista e Joesley Batista, dirigentes da empresa, de acordo com a Polícia Federal de São Paulo. Wesley foi preso preventivamente hoje (13) na capital paulista e Joesley teve prisão temporária decretada na segunda-feira (11) e foi levado para Brasília. 

De acordo com a Polícia Federal, Wesley fica preso em São Paulo por tempo indeterminado. Já seu irmão, cuja previsão de libertação da prisão temporária é sexta-feira (15), pode ser transferido para São Paulo, onde cumprirá pena. Caso o Supremo Tribunal Federal determine prorrogação da sua prisão ou a altere para preventiva, Joesley permanecerá em Brasília.

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Logo da JBS em Jundiaí, SP
Logo da JBS em Jundiaí, SP
Foto: Reuters

Informações privilegiadas

Os irmãos são acusados de se aproveitar da informação de que a delação premiada de Joesley impactaria o mercado financeiro, com a desvalorização das ações da JBS. Entre 24 de abril e 17 de maio deste ano, foram divulgadas informações relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado pela J&F com a Procuradoria-Geral da República.

Os investigados, que são alvos de seis operações da PF, venderam suas ações da empresa, exceto a fatia de 42,5% que pertence a acionistas. Um exemplo de acionista é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do governo federal. A compradora das ações foi a FD Participações, empresa integralmente de propriedade dos irmãos.

Foram vendidas 42 milhões de ações, no valor de R$ 372 milhões. Assim, os dirigentes da JBS evitaram que o excesso de oferta desvalorizasse as ações. Diluíram os prejuízos, com a desvalorização de 37% nos papéis, entre os acionistas. Posteriormente, os papéis foram recomprados da FD pela JBS.

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Essa operação da venda antecipada evitou prejuízo estimado em R$ 138 milhões. A forte queda no índice Bovespa também foi provocada pela manobra, que abalou a confiança do mercado, o que é essencial para atrair investimentos no país.

Valorização do dólar

Outra irregularidade apontada pela PF foi a compra de contratos futuros de dólar, num total de mais de 2 bilhões de dólares, fazendo com que a JBS ficasse em segundo lugar na compra de dólares no país. Um dia após a divulgação da delação, houve valorização do dólar de 9%. 

As ações de hoje fizeram parte da 2ª fase da Operação Tendão de Aquiles. Os mandados foram expedidos pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, a pedido da PF. Além das duas prisões, foram feitas buscas nas residências dos investigados.

Os acusados poderão responder por crime de uso de informação relevante, ainda não divulgada ao mercado, para propiciar vantagem indevida com valores mobiliários. As penas variam de um a cinco anos de prisão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.

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Em nota, a defesa dos irmãos Batista lamenta a ação. "Sobre a prisão dos irmãos Batista, no inquérito é injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos. O Estado brasileiro usa de todos os meios para promover uma vingança contra aqueles que colaboraram com a Justiça".

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Agência Brasil
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