A agência de classificação de risco americana Moody's rebaixou as notas de crédito da JBS no Brasil e nos Estados Unidos e anunciou possíveis novas reduções nos próximos dias.
"O rebaixamento reflete o aumento dos riscos relacionados a potenciais litígios futuros, governança da empresa e liquidez", diz relatório da agência publicado na manhã desta segunda-feira.
"Esses riscos, além da elevada alavancagem financeira da JBS S.A., justificavam um rebaixamento imediato em um nível", afirma o texto.
As notas foram reduzidas em um grau no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo o relatório, a avaliação da JBS SA caiu de Ba3 para Ba2, enquanto a da JBS USA (subsidiária americana da empresa) passou de Ba2 para Ba1.
Segundo a Moody's, as notas das empresas dos irmãos Batista seguem em processo de revisão e poderão ser rebaixadas novamente, dependendo de novas "informações sobre quaisquer investigações criminais em andamento, incluindo possíveis multas, executivos envolvidos, outros possíveis passivos e ramificações".
A agência justifica o rebaixamento como consequência da confirmação do acordo de delação premiada firmado pela JBS com a Procuradoria-Geral da República.
A divulgação de detalhes do acordo desencadeou a maior crise política enfrentada pelo presidente Michel Temer desde sua posse, no ano passado, após o impeachment de Dilma Rousseff.
A redução das notas é mais um obstáculo para o processo de oferta de ações que a empresa prepara para o segundo semestre nos Estados Unidos.
Com 65 frigoríficos espalhados em território americano, a companhia já é líder nas vendas de carne bovina, ovina e de frango no país e pretende expandir ainda mais sua atuação com a subsidiária JBS Foods International.
Ainda de acordo com a agência, eventuais novos rebaixamentos levarão em consideração a possibilidade de redução da liquidez da JBS como consequência dos efeitos políticos e econômicos do acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.
"No momento, a liquidez da JBS é adequada", aponta o relatório.
A Moody's destaca que sete executivos da empresa e sua controladora, a J&F Investimentos, tiveram seu acordo de delação premiada ratificado pelo Supremo Tribunal Federal.
O acordo, ainda segundo a agência de classificação de risco, prevê pagamento de multa de R$ 225 milhões pelos sete executivos, além de cooperação com as investigações.