O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira, 29, que pretende convidar o juiz federal Sérgio Moro para comandar o ministério da Justiça em seu futuro governo ou ainda para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram feitas em entrevistas concedidas ao SBT e ao Jornal Nacional, da TV Globo. "Pretendo conversar com ele (Moro) para ver há interesse da parte dele", disse Bolsonaro em entrevista ao SBT. "Se eu tivesse falado isso antes (na campanha) soaria como oportunismo."
Ao Jornal Nacional, o presidente eleito disse que Moro, responsável pela Operação Lava Jato, é um "grande símbolo" da luta contra a corrupção. "Poderia ser ministro da Justiça ou, abrindo uma vaga no STF, (escolher) a que achar que melhor poderia contribuir para o Brasil". Aliados de Bolsonaro já haviam dito que Moro era cotado para ocupar futura vaga no STF. Esta é a primeira vez que o nome do juiz federal é citado como possível ministro.
Bolsonaro afirmou também que se referia à cúpula do PT quando afirmou que "marginais vermelhos" seriam banidos do Brasil. "Foi um discurso inflamado, com a Avenida Paulista cheia. Logicamente, estava me referindo à cúpula do PT. O próprio (Guilherme) Boulos havia dito que invadiria minha casa", afirmou, em referência ao presidenciável derrotado do PSOL. Ele citou ainda a fala de Haddad de que a crise no Brasil só acabaria quando Lula fosse eleito. "Foi um momento de desabafo, eu não ofendi a honra de ninguém. No Brasil de Jair Bolsonaro, quem desrespeitar a lei sentirá o peso da mesma contra sua pessoa".
Na entrevista, também agradeceu todos que o elegeram e, questionado sobre o fato de uma parcela do eleitorado dizer que sua eleição é um risco, Bolsonaro disse que a Constituição será a "Bíblia do governo". "As eleições acabaram. Chega de mentiras, chega de fake news. Realmente, agora estamos numa outra era. Quero governar para todos, não apenas para os que votaram em mim. Temos Constituição que tem que ser nossa Bíblia aqui na Terra e respeitada. Só dessa maneira podemos conviver em harmonia."
Em relação à mídia, Bolsonaro disse ser "totalmente favorável" à liberdade de imprensa e afirmou ser necessário fazer justiça com a propaganda oficial do governo. "A imprensa que se comportar mentindo descaradamente não terá apoio do governo federal", disse.
O presidente eleito, no entanto, voltou a criticar o jornal Folha de S.Paulo, acusando-o de espalhar fake news contra sua candidatura. Ele corrigiu declaração anterior na qual disse que a publicação merecia "acabar". "Não quero que acabe, mas se continuar a se comportar desse jeito não terá apoio do governo federal." Procurada, o jornal não havia se pronunciado até a publicação deste texto/PAULO BERALDO, MARCELO OSAKABE, DANIEL GALVÃO e FERNANDA NUNES