O procurador Deltan Dallagnol, um dos coordenadores da operação Lava Jato, disse neste sábado que foi convidado por partidos políticos para ser candidato nas eleições de 2018, mas recusou.
"Hoje não tenho pretensões políticas, fui convidado por quatro partidos, mas educadamente recusei", afirmou o procurador a jornalistas durante o 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais. Ele não revelou os nomes das legendas, ao ser questionado se considerava se lançar na vida política.
"Não descarto no futuro servir em diferentes posições públicas ou privadas", complementou Dallagnol, sem dar mais detalhes.
O procurador reiterou críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes por ter mandado soltar presos na Lava Jato e também pelas declarações de que pode mudar o entendimento sobre soltura de presos após condenações em segunda instância.
Tida como uma das principais medidas para combater a impunidade, a prisão automática após decisão da justiça de segunda instância foi mantida pelo STF no ano passado, com placar de 6 a 5. Gilmar, que tinha votado com a tese vencedora, recentemente tem dado sinais de que pode mudar seu entendimento.
Uma revisão do assunto no Supremo pode livrar da cadeia vários dos condenados após as investigações da Lava Jato.
"A revisão do entendimento do Supremo sobre prisão após decisão de segunda instância seria catastrófica", disse Dallagnol. "A sociedade tem fome de justiça; e a mudança de posição do Supremo neste assunto pode matar a sociedade de inanição."