Em depoimento como testemunha de defesa da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), a ex-presidente Dilma Rousseff negou que a parlamentar ou seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, tenham tentado manter Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras, e também negou que qualquer pessoa tenha tentado influenciá-la para que Costa ficasse no cargo.
"Não ousariam", respondeu, ao ser questionada se alguém tentou pedir a ela que Costa ficasse no cargo.
"Ninguém pediu, ninguém achava que podia chegar perto de mim e dizer 'não tira'", disse a ex-presidente ao juiz instrutor Paulo Marcos de Farias, do gabinete do ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Gleisi e Paulo Bernardo são investigados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Costa, primeiro delator da Lava Jato, afirmou que Paulo Bernardo pediu um milhão de reais em propina para a campanha de Gleisi ao governo do Paraná, em 2010. Ambos negam a acusação.
Em seu depoimento, Dilma afirma que como ministra da Casa Civil em seu primeiro mandato, Gleisi não tinha qualquer influência na escolha dos diretores da Petrobras e, muito menos, Paulo Bernardo, à época ministro das Comunicações.
"Ela não participava, não era do âmbito dela", afirmou Dilma.
De acordo com a ex-presidente, Costa foi demitido porque havia uma má avaliação do seu trabalho por parte de Graça Foster, então presidente da Petrobras.
"O que mais era colocado por ela era uma imensa inconformidade com o que a gente queria em um diretor. Não só não cumpria prazos como não dava satisfações", disse Dilma.
A ex-presidente ainda confirmou que teve várias discussões com Costa, como ele havia falado em sua delação. Segundo Dilma, eram divergências por visões diferentes de trabalho. "Não concordava muito com ele não, mas não tinha nenhum indício de qualquer coisa irregular da parte dele", afirmou.