Gilmar vota por Moro parcial: "Não combate crime com crime"

9 mar 2021 - 16h54
(atualizado às 17h11)

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira para considerar suspeita a atuação do então juiz da operação Lava Jato Sergio Moro e, em consequência, anular todos os atos processuais que levaram à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do tríplex do Guarujá (SP).

22/08/2019
REUTERS/Adriano Machado
22/08/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O julgamento foi retomado nesta terça-feira e o placar está em dois a um contra a parcialidade de Moro. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, e a ministra Cármen Lúcia votaram anteriormente para rejeitar o pedido de suspeição apresentado pela defesa do petista. Cármen Lúcia, entretanto, pode reajustar seu voto.

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Em um contundente voto, Mendes disse que Moro teve uma atuação de "juiz acusador", interferindo na produção de provas como ouvir delatores e incluir documentos durante a instrução dos casos.

"Essa ação concertada não escondia o seu objetivo maior, inviabilizar de forma definitiva a participação do ex-presidente Lula na vida política nacional", disse.

O ministro disse que há anos vinha questionando os métodos da Lava Jato e citou as revelações da operação Spoofing que revelou diálogos atribuídos a Moro com procuradores da operação.

"O presente voto não apenas descreve uma cadeia sucessiva de atos lesivos ao compromisso de imparcialidade, ele explicita as condições do surgimento e funcionamento do maior escândalo judicial da nossa história", disse.

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Segundo Mendes, havia pressão da força-tarefa para que magistrados, inclusive ministros de cortes superiores, não tomassem decisões desfavoráveis à Lava Jato.

"Os magistrados que concedessem habeas corpus corriam risco de serem massacrados neste conúbio vergonhoso que se estabeleceu entre a mídia e os procuradores", afirmou.

O ministro do STF reconheceu que "infelizmente" a experiência acumulada durante os anos mostra que houve falha em conter os "primeiros arroubos e abusos do magistrado". Ele disse que já apoiou a operação e que o combate à corrupção é digno de elogio. Mas ressalvou: "Não se combate crime, cometendo crime".

Para Mendes, que não se surpreendeu com a decisão da véspera de Fachin de anular condenações por atuação incompetente da Lava Jato no Paraná, a Vara Federal de Curitiba expandiu "de forma artificial" para apreciar os crimes do colarinho branco.

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A análise do processo pela Segunda Turma foi suspensa para um intervalo e será retomada sem seguida.

Pouco antes, por quatro votos a um, a Segunda Turma rejeitou o pedido apresentado por Fachin de adiar o julgamento a respeito da suspeição de Moro no processo que condenou Lula no tríplex do Guarujá (SP) e deu continuidade na análise do caso.

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