A Justiça do Rio de Janeiro negou nesta quarta-feira o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman. O carioca de 75 seguirá preso em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, por tempo indeterminado, em meio às investigações da Operação Unfair Play, da Polícia Federal, que apuram suposta compra de votos para que o Rio fosse eleito sede dos Jogos Olímpicos de 2016, com uma possível participação direta do cartola.
Os advogados de Nuzman defendiam que faltavam provas consistentes que comprovassem a presença de seu cliente no esquema e contestaram a procuradoria da França no caso, pois trataria-se, segundo ele, de delito que "não tem previsão normativa no direito penal brasileiro". Também disseram que a parceria com os franceses "vicejou a imaginação fértil de investigadores".
Do despacho de Abel Gomes, Desembargador Federal e relator do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, é dito que as decisões impugnadas a respeito da suposta organização criminosa da qual Nuzman faria parte estão fundamentadas e cita um conjunto de investigações que apontam uma rede de beneficiados pelos Jogos Rio-2016.
Nuzman foi preso na última quinta-feira, assim como Leonardo Gryner, seu braço direito e ex-diretor geral do Comitê Rio-2016. Antes, agentes da Polícia Federal já haviam apreendido passaportes e dinheiro do ex-mandatário do COB. A detenção se converteu em prisão preventiva na segunda-feira.
A Operação Unfair Play (Jogo Injusto, em português) apura suposta ligação de Nuzman com o senegalês Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, ex-presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf). Papa teria recebido propina de mais de US$ 2 milhões para conseguir votos ao Rio de Janeiro.
Os procuradores federais também identificaram a ocultação de bens de Nuzman, incluindo 16 barras de ouro depositadas em um cofre na Suíça, para justificar a prisão. Eles citam ainda que o brasileiro teve crescimento de 457% em seu patrimônio, entre 2006 a 2016.
A situação piorou quando o MPF descobriu que Nuzman determinou o pagamento R$ 5,5 milhões com recursos do Comitê Rio-2016 a um escritório de advocacia para sua defesa criminal. A entidade afirma que o pagamento não foi efetuado por veto do Conselho Diretor.
No sábado, o cartola encaminhou aos membros do COB uma carta na qual pediu seu afastamento. Paulo Wanderley, que era seu vice, assumiu a entidade de forma interina e foi oficializado presidente após a renúncia desta quarta-feira. Nuzman também está licenciado do Comitê Rio-2016, que ainda tem dívida de R$ 120 milhões com fornecedores. De lá, ele ainda não renunciou.