O deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) está entre os políticos que são alvos de inquéritos abertos recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta participação em um dos escândalos desvendados pela Operação Lava-Jato. Advogado e comerciante, ele tem atuação destacada na CBF, onde ocupa o cargo de diretor de Assuntos Internacionais e é um dos homens da tropa de choque do presidente da entidade, Marco Polo Del Nero.
Cândido é uma das lideranças no Congresso da chamada ‘bancada da bola’ – grupo de parlamentares que defendem os interesses da CBF em Brasília. Ele costuma agir com alguns colegas da Câmara e do Senado para evitar que a confederação e seus dirigentes sejam expostos a investigações públicas.
Na Lava-Jato, ele é acusado por delatores da Odebrecht de ter pedido quantia de R$ 50 mil à empreiteira para ajudar na liberação de recursos que financiariam a construção da Arena do Corinthians. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O deputado tem trabalho intenso na CBF também fora do Congresso. Nos últimos meses, esteve nos Estados Unidos, China e Catar para tentar acordos em nome da internacionalização do futebol brasileiro. Já em Brasília, promoveu reuniões, sobre o mesmo tema, com autoridades dos países da Liga Árabe e Indonésia e com representantes das embaixadas da França, Espanha e Rússia.
Em junho do ano passado, ao deixar o prédio da CBF, No Rio, Vicente Cândido foi abordado por repórteres e, pressionado, relatou que recebia salário da entidade. “Mais ou menos o que ganho como deputado. Eu presto serviços, ofereço meu trabalho e não vejo nenhum conflito nisso”, disse, naquela oportunidade, sem nenhum constrangimento em ser porta voz de uma entidade envolvida em escândalos de corrupção.
Segundo o Terra apurou, ele ganha pelo menos R$ 40 mil por mês da CBF. Jamais alguém da administração de Del Nero havia dito publicamente que o parlamentar estava na folha salarial da confederação.
A reportagem tentou, em vão, contato com a assessoria do deputado, para que ele falasse sobre a presença de seu nome na Lava-Jato e à acusação de ter recebido propina para viabilizar a Arena Corinthians.
Veja também: