A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente na tarde dessa quarta-feira (26) o empresário Mariano Marcondes Ferraz, executivo do Grupo Trafigura e representante da Decal do Brasil. A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), de onde Ferraz embarcaria para Londres à noite. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. A determinação da prisão foi expedida pelo juiz federal Sérgio Moro, no âmbito da operação Lava Jato.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), autor do pedido de prisão, o empresário efetuou, entre os anos de 2011 e 2014, o pagamento de propinas acima de US$ 800 mil ao então diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em razão de contratos firmados com a estatal. Os depósitos foram feitos em uma conta offshore, mantida no exterior, por um dos genros do ex-diretor.
"Os documentos comprobatórios dos pagamentos confirmam o depoimento prestado por Costa em acordo de colaboração premiada, que afirma ter recebido propina de Ferraz pelos contratos firmados com a estatal. O pagamento de propina, conforme apontam as investigações, ocorreram por vários anos, até ao menos 2014", disse o MPF em nota.
Segundo o MPF, o empresário tem cidadania brasileira e italiana, trabalha e reside no exterior, e possui vultosos recursos depositados fora do Brasil. De acordo com o órgão, desde a deflagração da Lava Jato, Ferraz mudou o padrão de viagens internacionais, "o que é indicativo de que receava eventual prisão e responsabilização". "O empresário poderia facilmente não mais retornar ao território nacional, atrapalhando, com isso, a efetividade do processo e de futura sanção penal em caso de condenação", destacou o MPF.