Lava Jato: suposto operador do pagamento de propinas é preso

A 20ª fase da operação cumpriu cinco mandados de prisão coercitiva contra ex-funcionários da área internacional da Petrobras

16 nov 2015 - 13h17
Segundo o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima (à direita), serão analisadas as movimentações em contas no exterior dos ex-funcionários envolvidos na compra de Pasadena
Segundo o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima (à direita), serão analisadas as movimentações em contas no exterior dos ex-funcionários envolvidos na compra de Pasadena
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra

As investigações da Operação Lava Jato vão aprofundar a aquisição da refinaria de Pasadena pela Petrobras. A 20ª fase da operação, deflagrada nesta segunda-feira (16) pela Polícia Federal, cumpriu cinco mandados de prisão coercitiva (quando as pessoas são levadas para prestar depoimento) contra ex-funcionários da área internacional da estatal. Um deles é Luis Carlos Moreira da Silva, ex-gerente executivo da área internacional da Petrobras (sucessor de Pedro Barusco no cargo). Ele atuou como o principal consultor no negócio de compra da refinaria americana, segundo o delegado da PF Igor Romário de Paula.

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Também foram conduzidos Cesar de Souza Tavares, Rafael Moura Comino, Aurélio Oliveira Telles e Carlos Roberto Martins Barbosa. Eles serão ouvidos pela Polícia Federal durante o dia.

Segundo o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força tarefa da Operação Lava Jato pelo Ministério Público Federal, serão analisadas as movimentações em contas no exterior dos ex-funcionários envolvidos na compra de Pasadena para verificar pagamentos de propina. Ainda não há estimativa de valores movimentados neste sentido.

"Muitas pessoas ganharam em cima do negócio de Pasadena, uma operação que foi prejudicial para o País. Talvez as informações levantadas pela operação possam anular o negócio ou permitir o ressarcimento dos prejuízos", salientou.

Prisões

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Paralelamente, a 20ª fase da Operação Lava Jato efetuou duas prisões temporárias, sendo uma em Niterói e outra no Rio de Janeiro. Um dos presos é Roberto Gonçalves, ex-gerente da área internacional da Petrobras. Ele estaria envolvido em casos de corrupção relacionados à refinaria Comperj e a contratos de sondas.

O segundo preso é Nelson Martins Ribeiro, que atuaria como o operador do pagamento de propinas envolvendo empresas que possuem contratos com a Petrobras, especialmente na área de abastecimento da estatal. Estima-se uma movimentação de US$ 5 milhões por ele, por meio de contas no exterior, principalmente na Suíça. Segundo a força tarefa, ele não teria envolvimento com partidos políticos. Ribeiro possuiu uma casa de câmbio no Rio de Janeiro e já foi alvo de investigações anteriores, não envolvendo a Petrobras, por práticas similares.

Os presos serão encaminhados até o fim da tarde de hoje para Curitiba. Além das prisões temporárias e dos mandados de condução coercitiva, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, sendo um na residência de Glauco Legatti, ex-gerente da empreendimentos da área internacional da Petrobras. Ele também foi levado para prestar esclarecimentos, mesmo não possuindo mandato de condução coercitiva contra ele.

Investigações

Segundo Lima, esta fase da Operação Lava Jato era necessária para o aprofundamento das investigações. "Precisamos livrar a Petrobras deste paradigma instalado por anos, de corrupção envolvendo seus funcionários", opinou. O procurador ainda comentou que "não tem como negar que as decisões do Supremo Tribunal Federal redirecionaram as investigações da operação". De acordo com ele, os trabalhos seguirão e poderão alcançar um crescimento horizontal, chegando a outros órgãos públicos. "Mas devemos sim verticalizar (as investigações) até atingir o núcleo principal de corrupção da Petrobras, que eu tenho certeza que age em outros órgãos públicos também", avaliou Lima.

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O nome desta fase - Corrosão - ilustra como a corrupção afeta a empresa, fazendo uma analogia à corrosão de estruturas como a Petrobras possui, no caso de refinarias e navios, por exemplo. Para Lima, o nome da operação de hoje também pode remeter à condição da refinaria de Pasadena, que foi apelidada de "ruivinha" por conta de seu estado avançado de corrosão. 

Fonte: Especial para Terra
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