Kataguiri quer saída de Temer e descarta união com esquerda

Kim Kataguiri, ativista e coordenador do Movimento Brasil Livre, concedeu entrevista nesta tarde

19 mai 2017 - 20h21
(atualizado às 20h22)
Foto: Paulo Lopes / Futura Press

O ativista Kim Kataguiri, coordenador e um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), defendeu nesta sexta-feira (19) que a renúncia do presidente Michel Temer seria a "melhor saída" para a situação política do país. Em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Kataguiri declarou que "o impeachment se torna uma opção inviável" e que "o melhor cenário seria o presidente Michel Temer renunciar." Conforme ele, nesse caso, a constituição deveria ser cumprida e o Congresso escolheria o novo presidente através de eleições indiretas.

"Teria que ser alguém que não estivesse envolvido de nenhuma maneira na Lava-Jato e que desse continuidade às reformas que já estão em andamento na Câmara", falou. Além disso, foi enfático ao duvidar que o presidente não soubesse dos crimes cometidos dentro do cenário político. O estudante declarou que "apesar de ainda não ter essa prova irrefutável para incriminar o presidente Michel Temer, acho muito difícil que ele não tenha participado". 

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O coordenador do MBL acrescentou não acreditar que Temer tenha chegado à vice-presidência da república "e não soubesse de nada, seria tão mirabolante quanto acreditar na narrativa do Lula, que disse que não sabia de nada". Sobre o processo de impeachment que colocou Temer no poder, apoiado pelo MBL, Kataguiri argumenta a constitucionalidade da questão: "Michel Temer não foi uma escolha de quem pediu o impeachment de Dilma, foi uma consequência constitucional. A gente sempre coloca a lei acima dos nossos anseios políticos, diferente das esquerdas brasileiras".

Sobre Aécio Neves, igualmente envolvido em escândalos de corrupção, Kataguiri não poupou críticas: "eu, pessoalmente, votei em Aécio Neves. Não por acreditar no programa de governo dele, não por achar que ele seja um bom político, mas por falta de opção - como eu acho que a maioria dos eleitores dele fizeram", disse. Na sequência, completou que "de qualquer maneira, o que se coloca é que todo esse método de governo, toda essa corrução, envolvendo OAS, JBS, tomou conta de todos os principais caciques de todos os grandes partidos políticos."

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O ativista ainda ressaltou que as denúncias contra Michel Temer e Aécio Neves acabam com a narrativa de que a operação Lava-Jato é partidária. Ao ser questionado sobre a possibilidade de união entre o MBL e lideranças de esquerda em busca de um bem comum para o país, mais uma vez ele foi categórico: "zero possibilidade". Kataguiri diz que aqueles que estão indo às ruas nos últimos dias não estão lá para exigir que todos os culpados sejam punidos, mas apenas "para uma parte, o que é exatamente o oposto do que nós queremos: que todos os culpados vão para a cadeia." 

Ainda sobre os movimentos de esquerda, disse que "diferente deles, nós mobilizamos a sociedade civil, nós mobilizamos as pessoas comuns que trabalham e produzem, e que não são militantes políticos. Quando nós vamos às ruas, nós vamos defender o império da lei e não o projeto de poder de um partido político." Questionado sobre a legitimidade do atual Congresso eleger um eventual novo presidente através do voto indireto, novamente Kataguiri argumentou com a Constituição, dizendo que "se há moral ou não, é uma questão irrelevante a partir do momento em que a lei tem que ser cumprida. Quem define (o presidente) são esses deputados e senadores, que querendo ou não, nós elegemos".

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Ao final da entrevista foi perguntado se o MBL temia uma eventual vitória de Lula nas urnas em 2018, ao que respondeu que não: "é impossível. Para alguém vencer uma eleição presidencial em dois turnos não pode ter 60% de rejeição. E, provavelmente, ele vai estar preso até lá." 

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Fonte: Especial para Terra
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