A equipe de Luiz Inácio Lula da Silva decidiu transferir para quarta-feira, 10, a primeira coletiva de imprensa do ex-presidente após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anular todas as condenações do petista na Lava Jato, anunciada na segunda, 8. Nas redes sociais, afirmou que "a verdade prevalecerá".
O adiamento se deve à decisão do ministro Gilmar Medes de incluir na pauta desta terça, 9, da Segunda Turma da Corte a análise do recurso sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nas ações contra Lula. O caso será julgado no mesmo horário em que estava prevista a coletiva de Lula em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
A opção de apenas se manifestar publicamente após o julgamento de Moro foi informada pela conta oficial de Lula no Twitter. A nova entrevista está marcada para às 11h desta quarta.
Como mostrou o Estadão, ao declarar a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para análise de quatro ações contra Lula - triplex do Guarujá, sítio de Atibaia, sede do Instituto Lula e doações da Odebrecht para a entidade - , Fachin agiu para reduzir danos. Isso porque ao anular as condenações, e não a investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobrás, o magistrado preservou o trabalho da força-tarefa e ainda tirou ou imaginou tirar o foco de Moro.
A "estratégia", no entanto, pode não se concretizar caso a Segunda Turma do STF julgue Moro suspeito nas ações relacionadas ao ex-presidente ainda nesta terça, 9. O julgamento que discute a suspeição de Moro teve início em 2018, quando Fachin e a ministra Cármen Lúcia votaram para negar o pedido da defesa de Lula. A análise foi interrompida por um pedido de vista (mais tempo para análise) de Gilmar Mendes, mas a paralisação do caso não impediu o magistrado de sinalizar que vai votar pela suspeição de Moro.
Nos bastidores, a avaliação é que o ministro 'segurou' o caso enquanto a revelação de novas mensagens hackeadas da Lava Jato vinham desgastando a forca-tarefa. A mesma posição é adotada por Ricardo Lewandowski, que liberou as conversas obtidas na Operação Spoofing a Lula. A dupla intensificou as críticas ao ex-juiz da Lava Jato depois que o site The Intercept Brasil começou a publicar trechos das mensagens privadas, obtidas pelos hackers, atribuídas a Moro e a procuradores de Curitiba.
O voto decisivo ficaria então a cargo do ministro Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo o Estadão apurou, Kassio indicou nos bastidores que estaria inclinado a votar pela suspeição de Moro. Desde que chegou ao tribunal, em novembro do ano passado, ele tem se alinhado a Gilmar e a Lewandowski para impor derrotas à operação e atender aos interesses da classe política.