Prisão de Cabral faz parte do jogo democrático, diz ministro

17 nov 2016 - 16h30
(atualizado às 16h33)
Foto: José Lucena / Futura Press

Ao comentar hoje (17) sobre a prisão do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, em nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que o Brasil está dando um exemplo para o mundo da independência dos seus poderes, "Isso é parte do jogo democrático e só atesta a solidez e a rigidez das nossas instituições", afirmou, após participar da solenidade de assinatura de acordo para criação de programa habitacional específico para os militares.

Questionado se acredita que a prisão de Cabral pode afetar o governo Temer, já que é do mesmo partido do presidente, Jungmann negou. "Eu acho que isso de afetar (o governo), o que pode afetar seria efetivamente, no caso de serem fundadas as acusações, é a má política. E aí eu espero que ela continue sendo bastante afetada, porque nós precisamos passar a política brasileira a limpo. Falo aqui como parlamentar. Isso é urgente, o Brasil pede e exige isso, e acho que estamos caminhando bem nesse sentido", disse o ministro.

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O ex-governador Sérgio Cabral foi preso ontem (16) na Operação Calicute, nova fase da Lava Jato, em ação conjunta com o Ministério Público Federal e a Receita Federal do Brasil, que investiga o desvio de recursos públicos federais em obras do governo do Rio.

Protestos

 O ministro da Defesa também comentou as manifestações ocorridas na Assembleia Legislativa. Para ele, os protestos ocorreram dentro do esperado "Já era algo previsto, já sabíamos e acompanhamos o tempo todo, e ficou, eu diria, dentro de parâmetros que podem não ser os melhores, mas que, de fato, possibilitaram que a assembleia pudesse deliberar sobre um projeto de interesse do Rio de Janeiro, de se definir para um lado ou para outro.

Jungmann alertou que as Forças Armadas irão se opor a qualquer ato que viole o jogo democrático. "Se você, através do protesto, cancela, inibe ou não permite o jogo democrático, aí é uma atitude totalitária, uma atitude antidemocrática. Agora, preocupação, nós temos com relação a qualquer fato que venha a perturbar a ordem ou as chancelas do direito democrático. Isso existe, mas acreditamos que esses são fatos localizados e, especificamente, repito, qualquer desrespeito e ameaça que venha a ser feito a um regime democrático de direito, terá legalmente, constitucionalmente, a oposição das Forças Armadas".

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Nesse mesmo tom, o ministro repudiou as ações de manifestantes que invadiram ontem (16) o plenário da Câmara dos Deputados. "E aí, um recado a todos que queiram realizar o inaceitável, que é esse desrespeito que aconteceu a uma casa democrática, uma casa que representa soberania e a vontade popular. As Forças Armadas não admitirão, devidamente chamadas ou convocadas pelos poderes constitucionais, a transgressão e desrespeito democrático. As Forças Armadas estão absolutamente alinhadas com a Constituição, com os poderes da República e com o respeito à democracia", declarou Jungmann

O ministro da Defesa deu entrevista após assinatura de acordo para criar programa habitacional exclusivo para militares
Foto: Agência Brasil

Sobre a segurança das fronteiras

O Ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que uma das estratégias do ministério no reforço da segurança das fronteiras é a contratação de um satélite de baixa altitude, uma ferramenta tecnológica israelense, que permite a identificação de um objeto ou pessoa suspeita a uma distância de 50 a 70 centímetros de altura.

O ministro defende a implantação de um tratado de comércio de armas e o reforço de um acordo já existente no Mercosul, que permite a perseguição de criminosos para além da fronteira. "Isso, implementado, vai significar que a fronteira deixa de ser uma barreira, porque você está atrás da quadrilha, mas chega na barreira, você para e ela está livre do outro lado. Então, essa é uma das inversões que devem efetivamente acontecer, além do compartilhamento de inteligência, além da ampla reformulação que nós vamos fazer na Operação Ágata, que vai mudar todo seu perfil.", explicou Jungmann. Ele destacou ainda que seria interessante se as Forças Armadas dos países do Cone Sul também tivessem o poder de polícia, como as forças brasileiras têm naquela área.

Agência Brasil
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