O presidente interino Michel Temer, que assumiu na quinta-feira, liderou nesta sexta-feira sua primeira reunião de ministros, em que participaram três investigados pela Lava Jato. A lista de 23 ministros de Temer, publicada hoje no Diário Oficial da União, inclui três políticos que já são formalmente investigados no Supremo no esquema de corrupção na Petrobras e outros seis que foram citados por delatores.
Os investigados são os ministros do Turismo, Henrique Alves; Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e Planejamento, Romero Jucá, todos do PMDB. Alves e Vieira Lima, com suas nomeações, voltam a se beneficiar do foro privilegiado, que possuíram quando foram ministros de Dilma Rousseff.
Temer incluiu mais ministros citados na Lava Jato (9) que a própria Dilma (7) apesar de, em seu primeiro pronunciamento na quinta-feira após assumir a presidência, ter garantido apoiar a investigação.
"A Lava Jato se transformou em uma referência e tem que ser mantida contra qualquer tentativa de enfraquecê-la", afirmou o presidente interino no discurso após dar posse aos ministros.
Pelo menos 50 líderes de diferentes partidos foram acusados de receber subornos ou doações eleitorais ilegais no esquema de desvio da Petrobras, que estima-se que tenha custado R$ 6 bilhões aos cofres públicos em 10 anos.
Alves é investigado pela troca de mensagens que manteve com executivos da construtora OAS, uma das empresas que admitiu ter desviado recursos da Petrobras. Suas propriedades já foram revistadas pela Polícia Federal.
Vieira Lima é acusado de ter favorecido a OAS em licitações e de ter recebido doações eleitorais ilegais de empresas investigadas.
Já Romero Jucá é investigado por formação de quadrilha e recepção de subornos, além de irregularidades em uma licitação para a construção da usina nuclear de Angra 3.
Outros seis ministros foram citados pelos delatores. São o da Casa Civil, Eliseu Padilha; Defesa, Raúl Jungmann, Relações Exteriores; José Serra; Saúde, Ricardo Barros; Educação e Cultura, Mendonça Filho, e Cidades, Bruno Araújo.
O próprio Temer foi citado em uma delação, mas a procuradoria até agora não solicitou autorização para investigá-lo.