Lessa revela que usou aplicativo para ‘não ser preso na esquina’ após assassinato de Marielle

Ex-PM monitorou se teria o risco de ser parado em blitz após o crime

6 jun 2024 - 18h21
(atualizado às 18h38)
Ronie Lessa relembrou a noite do crime
Ronie Lessa relembrou a noite do crime
Foto: Reprodução/TV Globo

Ronnie Lessa contou em delação premiada que usou um aplicativo para monitorar a localização de blitz e “não ser preso na esquina” após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. As imagens do depoimento foram divulgadas pelo jornal O Globo.

“Nas imagens divulgadas, aparece a luz de um telefone sendo mexido lá atrás. Eu estava procurando um aplicativo que mostra as blitzes na rua, onde tem blitz. Porque não adianta cometer o crime aqui e ser preso na esquina”, disse o ex-PM.

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Ao relembrar o momento, Lessa afirmou que essa foi a única vez que usou o celular nos momentos que antecederam o crime. Ele, porém, não recorda o nome do aplicativo. “(…) A única vez que acessei o celular foi para ver esse aplicativo das blitzes. Não lembro o nome, mas ele diz exatamente onde estão as barreiras”, continuou.

Além de mencionar o aplicativo, Lessa revelou que o assassinato inicialmente havia sido planejado para acontecer fora do carro, mais precisamente enquanto Marielle estivesse saindo da Casa das Pretas, local em que estava naquela noite, rumo ao veículo.

A escolha pelo lugar, no entanto, mudou quando o ex-PM reparou que o museu e a sede da Polícia Civil ficam a cerca de 50 metros do espaço. Com isso, Élcio Queiroz, motorista do carro em que Lessa estava, seguiu o veículo de Marielle e Anderson.

“Ela seria morta em pé, mas me lembrei que ali é esquina da Polícia Civil. Eu falei: 'Aqui não, de jeito nenhum'. Então, preferimos deixar para fazer no caminho, onde tivesse oportunidade”, explicou.

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Ronie Lessa está preso desde março de 2019, quando foi detido junto com Élcio Queiroz. Além deles, Rivaldo Barbosa e os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão também estão presos sob a suspeita de envolvimento no crime. 

Por que Marielle foi morta?

As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma "descontrolada reação" de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016.

A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua grande parte dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

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Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e 'grilagem' de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares.

*Com informações de Estadão Conteúdo.

Fonte: Redação Terra
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