O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira, 9, os nomes de Fernando Haddad (PT) para o Ministério da Fazenda, Rui Costa (PT) para a Casa Civil, Flávio Dino (PSB) para a Justiça, José Múcio para a Defesa e Mauro Vieira para as Relações Exteriores. O anúncio antecipa alguns nomes dos ministros que irão compor seu governo a partir de 1º de janeiro.
Lula iria anunciar alguns nomes para seus ministérios apenas após sua diplomação no Superior Tribunal Eleitoral (TSE), nessa segunda-feira, 12, mas decidiu adiantar esses anúncios em coletiva na sede da transição montada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília.
"Essa decisão [de antecipar nomes] é preciso para que algumas pessoas pudessem trabalhar para montar nosso governo e criar nossas estruturas", afirmou o presidente eleito.
Na véspera do anúncio, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, afirmou que a decisão de Lula em antecipar nomes foi por causa de especulações. "Tem muita especulação, muita coisa. Aquilo que ele já tem certeza, que está certo, ele quer divulgar", declarou.
Segundo Gleisi, nesse domingo, 11, serão entregues relatórios dos grupos técnicos da transição. "Então é bom mesmo já ter os ministros responsáveis por cada área que vão ter que fazer os encaminhamentos", completou.
Esse foi o caso de Múcio, anunciado para a Defesa, que, agora anunciado no cargo, já pode conversar com representantes das Forças Armadas e ir costurando nomes para os sucessores que irão assumir os comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica. Pela tradição militar, os oficiais mais antigos assumem suas respectivas forças. Nesse caso, o general Júlio Cesar de Arruda ficaria no comando do Exército; o almirante Renato Rodrigues Aguiar Freire comandaria a Marinha; e o brigadeiro Marcelo Damasceno, a Aeronáutica.
Na coletiva, Lula disse que após o jogo da Seleção Brasileira contra a Croácia, pela Copa do Mundo nesta sexta-feira às 12h, ele terá uma reunião com Múcio e comandantes das Forças Armadas.
Mulheres e negros
Na coletiva, o presidente eleito mencionou o fato de só ter nomeado ministros homens e brancos para as pastas.
"Vai chegar uma hora que vocês vão ver mais mulheres do que homens e mais companheiros afrodescendentes aqui", afirmou, prometendo o anúncio de mais nomes após a diplomação no dia 12 e ainda outras indicações posteriormente.
Número de ministérios
O Brasil pode se tornar um dos países com maior número de ministérios na América Latina com o novo governo Lula. Segundo um levantamento feito pelo jornal O Globo, o País seria o segundo país com mais pastas no continente junto com a Venezuela.
Em discurso, Lula já afirmou que pretende aumentar em 40% o número de ministérios - o que é essencial para agradar aliados que apoiaram sua eleição. A campanha petista contou com uma grande coligação de partidos, que agora devem demandar espaço no novo governo.
Se essa promessa se cumprir, o Brasil poderia passar dos 23 atuais ministérios para mais de 30, ficando atrás apenas da Venezuela, que tem 33 pastas.
Atualmente, apenas o Chile tem mais ministérios do que o Brasil - são 24, mas o país governado por Gabriel Boric aponta para uma tendência de enxugar essa quantidade.
Entre as pastas que Lula já sinalizou querer criar ou recriar estão Planejamento, Igualdade Racial, Previdência Social, Segurança Pública, Povos Originários, Pesca, Cultura, entre outros. Parte dessas pastas foi anexada a outras durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Em governos anteriores, Lula chegou a ter 37 pastas, um recorde batido por sua sucessora Dilma Rousseff (PT) e seus 39 ministérios.