O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) brincou com o apelido dado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante a série de eventos nesta quarta-feira, pelo governo federal, para relembrar os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
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Antes de iniciar o seu discurso no Salão Nobre do Palácio do Planalto, o chefe do Executivo agradeceu a presença das autoridades no local, incluindo o ministro do STF. "Eu queria fazer uma lembrança aqui. Eu tenho 79 anos de idade, já vivi muito. Vendo a 'vida' da Suprema Corte brasileira, eu nunca conheci um ministro que tivesse um apeldio dado pelo povo, chamado Xandão", brincou.
Ao ouvir a declaração do presidente Lula, Alexandre de Moraes deu risada. "É um apelido que pegou. Desse apelido você nunca mais vai se libertar, pode ficar certo. E não adianta ficar 'nervoso', que ninguém vai parar de te chamar de Xandão", completou Lula.
A cerimônia em defesa da democracia marcou os dois anos do episódio ocorrido em 8 de janeiro de 2023, quando golpistas depredaram a Praça dos Três Poderes. Na ocasião, também foi instituído o "Prêmio Eunice Paiva", que homenageará personalidades brasileiras e estrangeiras que contribuíram para a restauração ou manutenção da democracia no Brasil.
Em sua fala, o chefe do Executivo reforçou que o evento foi realizado para "dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023". Nos últimos dois anos, o STF condenou 371 pessoas por participarem dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Cerca de 2 mil golpistas foram ou estão sendo investigados pela Corte.
Além de Alexandre de Moraes, estiveram presentes na cerimônia a primeira-dama, Janja Lula da Silva, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, a vice-primeira-dama, Lu Alckmin, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, entre outras autoridades.
Obras restauradas
"Dois anos após a tentativa de destruição da nossa democracia e dos prédios que simbolizam os poderes da República, estamos aqui não para lamentar, mas muito menos para esquecer. Estamos aqui para celebrar e reforçar a democracia e para integrar ao povo brasileiro seu patrimônio inteiramente restaurado", disse Janja, na ocasião.
Segundo o governo, 21 obras restauradas foram entregues no Palácio da Alvorada. Duas delas foram destacadas na cerimônia: uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada, que estava com 180 fragmentos catalogados após os ataques, e o relógio de mesa fabricado por Balthazar Martinot e André Boulle no século XVII, que pertenceu a Dom João VI. O relógio histórico teve de ser enviado à Suíça para ser consertado. Os dois itens são tidos como símbolos da dificuldade e delicadeza do processo de reparo.
Na cerimônia, foi revelada ainda a obra As Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti. Durante os ataques antidemocráticos, a obra sofreu sete punhaladas. Alunos do Projeto de Educação Patrimonial também entregaram ao presidente Lula réplica que produziram de As Mulatas.
A restauração das obras teve início em 2 de janeiro de 2024, com a montagem de um laboratório de restauração do Palácio da Alvorada, e foi viabilizada por meio de Acordo de Cooperação Técnica, por meio da Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estabeleceu parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Confira a lista completa de obras restauradas.