Lula: "Ciro escolheu ir para Paris no segundo turno"

Ex-presidente critica postura do pedetista durante eleições de 2018 e diz que ex-ministro "não é homem de debate político"

20 nov 2019 - 16h08
(atualizado às 17h01)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, 20, a postura do ex-ministro Ciro Gomes, candidato derrotado à Presidência pelo PDT, durante as eleições de 2018, quando o petista Fernando Haddad e Jair Bolsonaro disputaram o segundo turno.

O ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparece no Festival Lula Livre
O ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparece no Festival Lula Livre
Foto: TARSO SARRAF / Estadão Conteúdo

"Eu fico pensando o que o Ciro fez. As coisas boas e ruins, e prefiro ficar com as boas. Ele nos ajudou no governo", disse Lula. "Agora, ele escolheu ir para Paris no segundo turno e xingar o povo que votou no Haddad e não nele". As declarações do ex-presidente foram dadas em entrevista ao blog Nocaute e publicadas também no perfil oficial do petista no Twitter.

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Lula afirmou ainda que é "grato" a Ciro pela lealdade do ex-ministro, mas que o pedetista "não é um homem do debate político, ele é um homem de uma verdade só que é a dele".

Nesta quarta-feira, em entrevista ao à coluna Direto da Fonte, Ciro afirmou que só fala com Lula se for procurado pelo petista. "Evidentemente que atendo. Se ligar, atendo", disse Ciro. No entanto, segundo o pedetista, essa conversa precisa de uma "testemunha". "Mas a conversa terá de ser com testemunha, porque perdi a confiança nele. E só converso se for sobre o futuro do Brasil. O que Lula diz de manhã não serve de tarde", afirmou Ciro.

'Por que vamos abrir mão da nossa grandeza?', diz Lula

Na entrevista ao blog, Lula voltou a defender que o PT não faça autocrítica, apesar da pressão que a sigla tem sofrido, inclusive por aliados. Para o ex-presidente, a autocrítica é desnecessária e que cabe somente aos que fazem oposição à sigla. Lula disse que o PT "é o mais importante partido político de esquerda da América Latina" e que deve se portar de acordo com o seu tamanho. "Por que vamos abrir mão da nossa grandeza?", disse o ex-presidente.

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Lula também defendeu que o PT não abra mão de candidaturas próprias nas eleições municipais de 2020 quando puder ter candidaturas competitivas. Citando São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, o petista disse que "um partido do tamanho do PT tem que ter candidatos próprios".

O ex-presidente disse que "gosta" de Manuela d'Ávila (PCdoB) e de Marcelo Freixo (PSOL), potenciais candidatos às prefeituras de Porto Alegre e Rio de Janeiro, respectivamente, em 2022. No entanto, segundo Lula, o PT não pode prescindir de ter candidaturas próprias nessas capitais, e citou o nome de Benedita da Silva (PT) como possível indicação do PT no Rio de Janeiro. O petista disse, porém, que o PT pode apoiar candidatos "progressistas, de esquerda", em eventuais situações de segundo turno nas quais o partido fique de fora.

O petista falou ainda sobre sua relação com Marta Suplicy, hoje sem partido, e abriu as portas para que a ex-prefeita retorne ao PT. "Não misturo relação pessoal com política. A Marta fez muito pelo PT, foi a melhor prefeita que São Paulo teve. Se quiser voltar, da mesma maneira que saiu, ela pede para entrar."

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