Lula: corrupção na Petrobras é "caca" de pequeno grupo

Em evento de defesa da estatal, ex-presidente disse que companhia é motivo de orgulho

24 fev 2015 - 22h44
(atualizado às 23h11)
<p>O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato em defesa da Petrobras</p>
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato em defesa da Petrobras
Foto: Sergio Moraes / Reuters

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na terça-feira que o esquema de corrupção na Petrobras foi uma "caca" cometida por um pequeno grupo de pessoas dentro de um universo de milhares de trabalhadores da estatal.

Num ato em defesa da Petrobras promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Lula também defendeu o governo Dilma Rousseff e criticou a forma como a mídia vem tratando a crise na empresa.

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"Que vergonha pode ter (um trabalhador) que numa família de 86 mil pessoas alguém faz uma caca? Se isso acontece na família de vocês, o que vocês fazem? A gente castiga. Não se pode jogar a Petrobras fora por conta de meia dúzia de pessoas, ou cinquenta", disse Lula, referindo-se a executivos da estatal detidos sob acusação de envolvimento na corrupção.

A empresa é alvo da operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), que investiga um esquema de corrupção bilionário de sobrepreço em obras da Petrobras e que envolve ex-funcionários da estatal, executivos de empreiteiras e políticos.

O ex-presidente lembrou os investimentos feitos pela empresa durante os governos petistas e a repercussão na economia brasileira. Lula disse que a estatal ainda é motivo de orgulho nacional e referência internacional em termos de tecnologia.

Lula insinuou que o esquema de corrupção na Petrobras começou na época em que os tucanos estavam no poder, quando os investimentos da empresa eram menores.

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"Se tinha ladrão que roubava quando o investimento era de R$ 3 bilhões por ano, imagina quando passa para R$ 3 bilhões por mês", afirmou.

Lula aproveitou para mandar um recado à presidente Dilma Rousseff, que desde a campanha para a reeleição, no ano passado, tem sido alvo de críticas relacionadas ao escândalo na petroleira.

"Eu conheço bem a companheira Dilma e sei que ela vai deixar a (investigação da) corrupção para a Polícia Federal ou o Ministério da Justiça. Ela tem que levantar a cabeça e dizer 'vou cuidar do meu País'. Ela não pode nem deve dar trela", disse Lula.

"O que eles fazem hoje (oposição) é o que sempre fizeram a vida inteira. A ideia é criminalizar antes, tornar você bandido antes de ser julgado e condenado. Você é criminalizado pela imprensa", afirmou ele.

Lula condenou o que chamou de pré-julgamento de dirigentes da estatal. "O que se vê hoje é a tal da teoria do domínio do fato. Que eu não tenho que saber se cometeu o crime. O que eu tenho que saber que como você era o chefe, foi você que cometeu. É o pressuposto que a mãe tem que saber que o filho é drogado ou que o aluno não foi bem na escola".

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Lula foi recebido com gritos e cânticos por cerca de 500 pessoas que lotaram o auditório da ABI, no centro do Rio de Janeiro. No lado de fora, um telão transmitiu a fala do ex-presidente. Antes da chegada do petista, contudo, houve briga, tumulto e confusão por conta da presença de pessoas contrárias ao ato, que gritaram palavras de apoio à oposição.

O ato em defesa da petroleira ocorreu no mesmo momento em que a agência de classificação de risco Moody's rebaixava os ratings da Petrobras, retirando da estatal o seu grau de investimento.

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