O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou, durante sua participação em evento promovido por centrais sindicais neste Dia Internacional de Trabalhador, que o Brasil "andou para trás" quando o assunto é a economia. "A economia brasileira encolheu e é hoje 7% menor do que em 2014. Já tivemos entre as sete maiores economia do mundo, hoje descemos ladeira abaixo, ocupando a 12º colocação", apontou o petista.
Lula culpou a atual gestão de Jair Bolsonaro pelos índices no País. Segundo ele, "o pleno emprego conquistado pelos nossos governos deu lugar a uma taxa recorde de desemprego e desalento, além dos 14 milhões de brasileiros desempregados, 6 milhões desistiram de procurar trabalho porque sabem que não vão encontrar. Trinta e oito milhões estão subempregados, sobrevivendo de bicos. São ao todo 58 milhões de trabalhadores sobrevivendo em condições precárias", declarou Lula durante seu pronunciamento.
O ex-presidente também aproveitou para mencionar o que chamou de diminuição dos direitos trabalhistas ao longo dos últimos anos e criticar a situação de informais, como os que trabalham por aplicativo. "São na maioria jovens que arriscam a vida no trânsito das grandes cidades trabalhando até 14 horas por dia, sem qualquer direito ou proteção social. Sem 13º, férias, descanso semanal, Previdência, afastamento remunerado em caso de acidente de trabalho. Enfrentam jornadas estafantes e perigosas para enriquecer patrões invisíveis, os bilionários donos dos aplicativos que se recusam a enriquecer e a honrar seus direitos trabalhistas", afirmou.
O petista também atribui à Operação Lava Jato à situação do desemprego no País. "A operação Lava Jato destruiu setores estratégicos da nossa economia, sobretudo a construção civil e a cadeia produtiva de óleo e gás, beneficiando empresas e governos estrangeiros", argumentou. "Por conta da Lava Jato, o Brasil perdeu R$ 172 bilhões de investimentos, deixou de recolher na forma de impostos diretos quase R$ 50 bilhões de reais", disse, sem mencionar a fonte dos dados.
O líder também atribui ao ex-juiz Sergio Moro e aos procuradores da Lava Jato a responsabilidade pelas repercussões da operação na economia do País, embora tenha evitado tocar no nome de Moro ou de qualquer um dos procuradores. "O juiz, que teve suas parcialidades declaradas pelo STF e os procuradores da força-tarefa são responsáveis também pela destruição de 4,5 milhões de postos de trabalho", disse, mais uma vez sem mencionar a fonte dos dados. Lula terminou sua declaração afirmando que já provou que existe outro jeito de governar, e num tom positivo reforçou: "nós já construímos uma vez este Brasil, e juntos vamos construir de novo".
O petista, que tem sido considerado a mais forte opção da centro-esquerda contra Bolsonaro nas eleições de 2022, participou de encontro promovido por centrais sindicais, que contou com a presença de outros dos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e outras lideranças políticas como Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
O evento foi organizado pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Pública e CGTB. Este é o terceiro "1º de Maio Unitário" - como é chamado -, promovido pelas centrais. O primeiro, em 2019, foi realizado de forma presencial, já o segundo, no ano consecutivo, teve de adotar o formato virtual devido à primeira onda da pandemia de covid-19 no Brasil.