O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar nesta terça-feira o projeto de lei (PL) 4330, que permite a terceirização de todas as atividades de uma empresa, aprovado no último dia 22 na Câmara dos Deputados e já em tramitação no Senado. De acordo com Lula, o projeto representa um “retrocesso” a uma época anterior ao governo de Getúlio Vargas.
“Esse projeto que tenta estabelecer a lei 4330 é um retrocesso a antes do governo Getúlio Vargas. Estamos voltando a 1930, tentando estabelecer uma relação de trabalho onde só tem um ganhador, que é o patrão”, disse Lula durante discurso na abertura de um evento que marca os 35 anos das grandes greves no ABC paulista, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo.
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“Com essa lei da terceirização eles querem voltar ao passado, um passado em que a classe trabalhadora era tratada da forma mais perversa possível. E nós temos que dizer não. Porque ninguém lutou o tanto que a nossa geração lutou para conquistar respeito e direitos. Agora, não podemos retroceder por alguns interesses econômicos e deixar os trabalhadores mendigando direitos”, continuou.
Lula, que tem feito cobranças públicas à presidente Dilma Rousseff (PT), exigindo ações para o segundo mandato da petista e resposta aos eleitores do partido, não tocou no nome de Dilma no discurso desta terça-feira. Ao final do evento, contudo, questionado por jornalistas, Lula disse estar seguro de que a presidente vetará o projeto. "Tranquilamente a companheira Dilma vai vetar", disse.
Com o aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o PL da terceirização teve tramitação rápida na Casa. No Senado, por outro lado, a discussão deverá seguir “sem muita pressa”, de acordo com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que decidiu hoje que a proposta será analisada por quatro comissões.
Greves
Durante mais de uma hora, Lula contou histórias das grandes greves de 1979 e 1980 e disse que o Sindicato do ABC é “responsável por quase tudo que aconteceu de mudança na relação de trabalho” no Brasil. “É por mérito da categoria. A categoria nunca negou fogo, nunca mediu sacrifício para fazer as lutas que fossem necessárias”, afirmou.
"Todos os instrumentos que foram criados para dar proteção ao trabalhador, de quando em quando chega alguém querendo mudar", continuou Lula. "Se a gente quiser mudar as conquistas, tem que ser para algo melhor. E a terceirização é pior", encerrou o ex-presidente.