Após a divulgação da sentença que o condenou a 9 anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou estar "tranquilo e de bom humor", de acordo com correligionários que conversaram com ele.
Segundo Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo e amigo pessoal do líder petista, ambos conversaram pouco depois da condenação de Lula no processo em que ele era acusado de ter recebido um tríplex no Guarujá em troca de favorecimentos ilícitos à empreiteira OAS durante seu governo.
Na conversa com Marinho, o ex-presidente chegou a fazer troça de sua situação ao dizer que pretender ensaiar para cantar duas músicas. Lula citou duas canções: Desesperar Jamais, de Ivan Lins, cujos primeiros versos são Desesperar jamais / Aprendemos muito nesses anos / Afinal de contas não tem cabimento / Entregar o jogo no primeiro tempo e outra, cujo cantor ou o título não mencionou, mas que diz me aguarde que eu tô voltando.
Já o ex-ministro da saúde e atual vice-presidente da executiva nacional do PT, Alexandre Padilha, disse que ele se mostrou "firme e cheio de energia pra contestar a decisão".
"Essa decisão sem fundamento deu ainda mais força para a candidatura. Ele vai ser candidato em 2018, nem que seja com contestação na Justiça", disse Padilha.
De acordo com Marinho, Lula deverá recorrer judicialmente da decisão em primeira instância, e sua postura é "muito calma".
"Ele me disse: 'Tenho que passar por isso'. Ele até tinha dito no interrogatório (em 10 de maio): 'Moro, se o senhor não me condenar, vão te cobrar por conta de todas as mentiras espalhadas'", afirmou Marinho, que participava de um ato organizado às pressas pelo PT na avenida Paulista, em São Paulo, em desagravo a Lula no começo da noite desta quinta-feira. Padilha também estava no evento.
A manifestação, em frente ao Masp, não foi capaz de reunir um grande número de pessoas, mas os petistas e os movimentos sociais minimizaram o fato.
"Foi um protesto emergencial, faz poucas horas da condenação. Vamos nos mobilizar muito mais contra essa condenação absurda", disse Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Lula não participou do protesto e passou a tarde no Instituto Lula, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Ainda na avenida Paulista, alguns manifestantes contrários ao ex-presidente se reuniram e soltaram fogos para comemorar a decisão de Moro.