Lula diz a aliados que "constituinte foi barbeiragem do governo"

28 jun 2013 - 08h39
(atualizado às 13h24)

A estratégia do governo Dilma Rousseff para dar uma resposta à onda de protestos pelo País foi chamada de "barbeiragem" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antigo defensor da ideia, o petista queixou-se a aliados da forma "atabalhoada" como foi gestada a proposta da convocação de uma constituinte exclusiva para discutir a reforma política, sem uma discussão prévia com o Congresso. Mais ainda, do recuo da iniciativa apenas um dia depois. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo. 

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Petistas contatam ainda que Lula criticou especialmente a decisão de consultar o ex-presidente Fernando Henrique Cardos (PSDB) sem que governistas, entre eles o vice-presidente Michel Temer (PMDB), fossem ouvidos. A atuação dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Educação), que auxiliam Dilma, também tem sido objeto de críticas dentro do PT. Lula teria, inclusive, telefonado a Mercadante para externar sua insatisfação sobre a proposta. A assessoria do Institulo Lula diz desconhecer o telefonema. Interlocutores afirmam que o ex-presidente tem reservado sua opinião a público restrito, como o grupo de jovens recebido na última quarta-feira. Após ouvi-los, Lula disse que o governo deveria apresentar dados em defesa da gestão petista. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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