O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 29, que o nome que indicará ao Supremo Tribunal Federal (STF) é uma "coisa tão" dele que não quer "repartir" com ninguém.
Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula teria comunicado a ministros da Corte que vai formalizar a indicação do advogado Cristiano Zanin nos próximos dias, ainda nesta semana. Zanin atuou na defesa do presidente na Lava Jato.
A atuação de Zanin foi crucial para que Lula deixasse a prisão e fosse inocentado. O presidente foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) no âmbito da Lava Jato.
Após mais de 500 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o petista deixou a prisão em novembro de 2019, quando o STF voltou atrás no precedente que permitia a prisão de condenados em segunda instância, sem trânsito em julgado (fim dos recursos).
Um ano e meio depois, entre março e abril de 2021, os processos de Lula tiveram duas reviravoltas importantes: Sérgio Moro (hoje senador pelo União Brasil-PR) foi declarado parcial e a 13.ª Vara Federal Criminal da capital paranaense foi considerada incompetente para analisar dos casos de desvios na Petrobras. O destino dado pelo Supremo a esses dois casos, cuja defesa foi patrocinada por Zanin, permitiram a volta de Lula para as urnas.
A campanha pela cadeira de ministro do Supremo virou um vale-tudo e apareceram até mesmo problemas pessoais, brigas e disputas envolvendo Zanin, como seu rompimento com o sogro, o também advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula há 40 anos. Houve, ainda, quem apontasse "impedimento ético" e "conflito de interesses".
Ministros do STF, no entanto, já externaram não ter contrariedade à indicação, como Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. "Não vejo nenhum obstáculo para a indicação de Zanin, que eu reputo como um ótimo advogado e muitas vezes foi incompreendido", disse Gilmar.