Lula e Caiado disputaram Presidência em 89, e petista ironizou atual governador em debate; veja

Presidente e governador participaram da primeira eleição direta após a ditadura militar. Caiado não passou do primeiro turno; Lula disputou o segundo turno com Collor, mas perdeu o pleito

1 nov 2024 - 16h45

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), trocaram farpas nesta quinta-feira, 31, durante reunião convocada pelo Palácio do Planalto para discussão de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre a segurança pública. Possíveis adversários na disputa pela Presidência em 2026, os dois já se enfrentaram em busca do comando do País e tiveram um diálogo pouco amistoso durante um debate eleitoral.

Em 1989, na campanha para a primeira eleição direta após a ditadura militar, Lula escolheu, no confronto promovido pela TV Bandeirantes, o então candidato Paulo Maluf para direcionar sua pergunta. Fora do microfone, Caiado solicitou que o petista fizesse o questionamento a ele.

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Lula, em tom de ironia, respondeu: "Depois. Sua vez chega. Quando você crescer", arrancando risos do público presente. "Quando você crescer no porcentual, eu faço. Quando ele chegar a 1,5%, eu faço", completou, ao ser advertido pela jornalista Marília Gabriela, mediadora do debate. O trecho do vídeo foi compartilhado no X (antigo Twitter) por apoiadores do atual presidente nesta quinta.

Naquele ano, o candidato Fernando Collor foi eleito presidente da República com 53,03% dos votos válidos em segundo turno contra Lula, que obteve 46,97%. Caiado foi derrotado no primeiro turno, com 0,72% dos votos válidos. No segundo turno, o atual governador de Goiás apoiou Collor.

Candidatos no debate presidencial na TV Bandeirantes em 7 de novembro de 1989.
Candidatos no debate presidencial na TV Bandeirantes em 7 de novembro de 1989.
Foto: Sergio Amaral/Estadão / Estadão

Nesta quinta, o governador goiano criticou o texto do governo Lula, afirmando que a PEC usurpa o poder dos Estados de atuarem na segurança pública. Caiado chegou a dizer que, na sua gestão, adotou medidas que acabaram com alguns tipos de delitos no Estado. "A hora que eu botei regra na penitenciária de Goiás, o crime acabou. Roubava-se dez mil carros por ano em Goiás, não rouba nenhum mais. Não é um escritório do crime mais", afirmou.

"A minha proposta é exatamente essa, que esse texto dê aos Estados a prerrogativa da legislação penal e penitenciária para nós acabarmos com o crime no País porque, em Goiás, eu acabei com ele", completou Caiado.

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O presidente rebateu o governo e, com ironia, disse que havia acabado de descobrir que Goiás era o "único Estado que não tem problema de segurança". Segundo Lula, Caiado deveria ter convocado uma reunião para auxiliar os chefes dos Executivos estaduais a superarem os obstáculos da criminalidade.

"Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é o Estado de Goiás, que eu peço para o Ricardo Lewandowski (ministro da Justiça) ir lá levantar porque deve ser referência para todos os outros governadores. Ao invés de eu chamar uma reunião, era o Caiado que deveria ter chamado uma reunião", disse Lula.

No final da reunião, o governador de Goiás comentou sobre a ironia feita pelo presidente. "Não é um assunto para ser discutido nesse nível. Não cabe ironia, é um problema muito sério. É um problema para o cidadão."

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