Lula elogia manifestações: "feliz é o país que tem um povo com liberdade"

Ex-presidente entende que atitudes como questionar o custo da Copa do Mundo e pedir mudanças sociais são saudáveis e democráticas

30 jun 2013 - 11h34
(atualizado às 12h01)
Lula fez o discurso de abertura no encontro sobre segurança alimentar na África
Lula fez o discurso de abertura no encontro sobre segurança alimentar na África
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula / Divulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre as recentes manifestações que têm tomado as ruas do Brasil durante um discurso na Etiópia, onde participa de um encontro sobre segurança alimentar na África. Lula considerou os protestos como parte do processo da democracia, e afirmou que essa liberdade é benéfica para o Brasil, segundo divulgou o Instituto Lula. "Feliz é um país com um povo que vai às ruas querendo mais", disse. Ele também elogiou a atuação da presidente Dilma Rousseff e sua abordagem em relação às manifestações.

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas

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Manifestações tomam as ruas do País; veja fotos

"Nos últimos 15 dias vocês ouviram pela TV e leram pelos jornais muita movimentação no Brasil: passeatas, protestos e queria dizer a vocês que feliz é o país que tem um povo que tem liberdade de se manifestar. E mais feliz ainda é um país que tem um povo que se manifesta e que vai às ruas querendo mais", afirmou Lula.

“As pessoas querem mais no Brasil, mais transporte, mais saúde, mais salário, questionar o custo da Copa do Mundo. Acho que isso é saudável para um país que vive apenas 20 e poucos anos de democracia contínua”, completou o ex-presidente.

Combate à fome

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Durante o evento, Lula defendeu a importância do combate à fome e à pobreza como políticas de Estado enquanto expunha o exemplo brasileiro. “A fome não será erradicada se os pobres não forem incluídos no orçamento do governo. Estou convencido que o fim da fome é possível se for uma política de Estado, e se não for tratada como um programa temporário ou eleitoral", garantiu o ex-presidente, frisando que não pretende "dar lições".

Lula e José Graziano, diretor geral da FAO
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula / Divulgação

Ele também destacou a necessidade de empenho da sociedade civil nesse processo e disse que "todos os países da África e do mundo podem erradicar a fome se eles incluírem o pobre no orçamento nacional. Apenas crescimento econômico não é suficiente". Lula ainda comentou as críticas dirigidas ao programa Bolsa Família, afirmando que tentou convencer a todos - inclusive o governo - que "dar dinheiro pra pobre não é gasto, é investimento".

O evento foi organizando pela União Africana, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pelo Instituto Lula em Adis Abeba, Etiópia. O objetivo do encontro é trocar experiências entre o Brasil, países africanos, e também a China e o Vietnã, no combate à fome e ampliação da produção agrícola.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

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Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Fonte: Terra
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