O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta quinta-feira do desfile do Dia da Independência e exaltou o evento realizado sob clima de tranquilidade como um "show de democracia, soberania e união", em um momento em que busca acabar com a politização das Forças Armadas após o governo do antecessor Jair Bolsonaro.
Mais de 3.000 soldados com equipamento militar desfilaram em frente ao presidente, ministros e outras autoridades na Esplanada dos Ministérios, com um público estimado em 30.000 pessoas. O ponto alto do desfile foi o sobrevoo de aviões da Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira.
Medidas de segurança foram preparadas para conter possíveis protestos de apoiadores de Bolsonaro, depois que bolsonaristas radicais invadiram as sedes dos Poderes em 8 de janeiro uma semana após Lula tomar posse, mas nenhuma grande manifestação foi registrada pela manhã.
"Feliz de assistir a um desfile de 7 de Setembro tão bonito como o de hoje. Show de democracia, s
oberania e união. Um bom feriado de Independência a todos. Viva o Brasil", escreveu Lula na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
Em um pronunciamento televisionado na noite de quarta-feira, Lula exaltou as conquistas de seus primeiros oito meses no cargo -- incluindo o forte crescimento econômico -- e pediu unidade após a eleição do ano passado.
"A independência do Brasil ainda não está terminada. Ela precisa ser construída a cada dia, por todos nós, sobre três grandes alicerces: democracia, soberania e união", afirmou.
Lula tem procurado reconstruir a confiança entre seu governo e as Forças Armadas depois de remover vários militares de suas equipes de segurança na sequência da invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) por apoiadores de Bolsonaro que estavam acampados em frente ao quartel-general do Exército.
No ano passado, durante o bicentenário do Dia da Independência, o então presidente e candidato à reeleição Bolsonaro transformou as comemorações do 7 de Setembro em demonstrações de força para sua campanha ao levar milhares de apoiadores para as ruas em atos eleitorais nos quais atacou Lula e lançou críticas contra a cúpula do Judiciário.
Por isso, Bolsonaro responde a duas ações por abuso de poder no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que poderão levá-lo a uma nova condenação por inelegibilidade, além de outras punições e multas. O ex-presidente já foi declarado inelegível pelo TSE em uma outra ação.
No ano anterior, Bolsonaro havia aproveitado a solenidade para atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, chegando a dizer que não iria cumprir ordens judiciais do magistrado.
A polícia, os serviços de segurança e de inteligência foram mobilizados para monitorar eventuais problemas causados pelos apoiadores de Bolsonaro neste ano, mas as autoridades já haviam dito anteriormente que não esperavam protestos.
Muitos apoiadores de Bolsonaro nas mídias sociais pediram que as pessoas evitassem as comemorações do dia como uma demonstração de que Lula tem pouco apoio, usando a hashtag #fiqueemcasa.