Lula inaugura universidade inacabada em São Paulo e é cobrado por aluna

Ex-ministro da Educação e hoje da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu a cobrança alegando que a construção de universidades não tem fim

6 jul 2024 - 07h19
(atualizado às 07h50)
O presidente Lula na inauguração de novo campus da Unifesp em Osasco
O presidente Lula na inauguração de novo campus da Unifesp em Osasco
Foto: Reprodução/Canal Gov

Em uma tenda improvisada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta sexta-feira, 5, da inauguração do novo câmpus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na cidade de Osasco. A obra, no entanto, que já consumiu investimentos de mais de R$ 900 milhões, não está concluída e o petista foi cobrado por uma aluna do terceiro ano do curso de Direito, Jamile Fernandes, pelo empreendimento inconcluso.

Conforme a aluna, a inauguração de ontem contemplava apenas metade do projeto. "A obra não está concluída. O que está sendo inaugurada hoje (ontem) é apenas metade da obra. Faltam moradias estudantis, restaurante e auditórios. A universidade não é verdadeiramente nossa, do corpo discente apenas 8% são de alunos negros. Temos de trabalhar com a realidade", disse Jamile.

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A construção dessa unidade havia sido prometida pelo próprio petista em 2008, mas só agora as obras principais estão concluídas. Os cursos do câmpus de Osasco começaram a funcionar em 2011, em um prédio cedido pela prefeitura da cidade. Agora ficaram prontos os edifícios acadêmico e administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen) do novo câmpus, em Quitaúna, mas ainda falta a conclusão da biblioteca.

Reuni

A pedra fundamental dessa unidade foi colocada por Lula no terreno em 2008, quando ganhava força um programa de expansão da rede federal de ensino superior, o Reuni. No seu segundo mandato, as unidades federais cresceram e se interiorizaram.

Essa ampliação, no entanto, sofreu críticas, incluindo de parte dos professores e alunos, pelas restrições de estrutura e por atrasos em obras. A Unifesp foi uma das instituições que se expandiram, com a criação de unidades em mais cidades, como Guarulhos e Diadema, e na Baixada Santista.

O contrato para o câmpus Quitaúna foi assinado apenas em 2016, com prazo previsto para a construção do prédio de 18 meses. As obras, porém, duraram oito anos.

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No total, o projeto custou R$ 102 milhões. O espaço atenderá 1,4 mil alunos, com salas de aula, auditórios, restaurante universitário, laboratórios, entre outras estruturas acadêmicas e estudantis. A biblioteca, cuja construção começou em 2022, deve ficar pronta só no ano que vem.

Em sua breve fala durante o evento, o ex-ministro da Educação e atual titular da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu a cobrança da aluna da Unifesp, alegando que a construção de universidades não tem fim. "A USP (Universidade de São Paulo) até hoje está sendo construída, prédios estão sendo construídos e professores sendo contratados", disse Haddad se dirigindo à aluna. Ele fez um relato sobre a implantação de universidades federais em São Paulo, Estado que já era bem servido por universidades e faculdades, durante os governos do PT.

"O presidente Lula me disse que era importante a presença de universidades federais em São Paulo porque São Paulo não tinha o sentimento de pertencimento", disse Haddad. "Aqui só se falava em Rodoanel, que até hoje não está concluído, apesar dos recursos enviados pelo governo federal", declarou o ministro.

Nas redes sociais, Lula criticou os governantes que lhe sucederam e atribuiu a demora das obras a "irresponsabilidades" e "falta de vontade". Entre os presidentes desse período, está sua sucessora e aliada petista, Dilma Rousseff.

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'Aporte'

Em nota, a Unifesp informou que nos anos seguintes a 2016 "houve aporte de recursos pontuais sobretudo de emenda de bancada e emendas individuais, o que possibilitou que a obra não parasse, mesmo no período de pandemia". Em 2023, conforme a instituição, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o recurso de R$ 18 milhões para a obra, "o que possibilitou a finalização dos edifícios acadêmico e administrativo do câmpus Osasco da Unifesp".

Procurado pela reportagem, o MEC não havia se manifestado até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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