O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não faz parte das investigações da Lava Jato neste momento, disse à Reuters nesta terça-feira o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal (MPF).
"Neste momento, o ex-presidente não faz parte da investigação", disse Santos Lima, que integra a força-tarefa da investigação do escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras, funcionários da estatal, executivos de empreiteira, políticos e partidos.
"O que nós temos até agora (sobre Lula) são só notícias da imprensa", disse.
"O fato é que se encontramos elementos, investigaremos (Lula) como qualquer outro", afirmou o procurador, ao ser indagado sobre o fato de o ex-presidente não ter mais foro privilegiado.
A prisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, na última sexta-feira, gerou especulações na imprensa de que a Lava Jato estaria mais perto de alcançar Lula, devido à proximidade do ex-presidente com o influente empresário à frente do maior grupo de construção e engenharia da América Latina.
O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, também foi detido na sexta-feira.
Em uma longa entrevista, Santos Lima disse que a operação Lava Jato ainda deve levar ao menos mais dois anos para ser concluída e que "há muita coisa para denunciar ainda".
As investigações já extrapolaram a Petrobras e, segundo o procurador, apontam para corrupção nos contratos de grandes empreendimentos no setor elétrico, como as usinas de Belo Monte e de Angra 3, ambas com participação da estatal Eletrobras.
Lima disse que não tem dúvida de que a Odebrecht e a rival Andrade Gutierrez lideraram um "cartel" que superfaturou projetos da Petrobras e repassou o excesso a executivos e políticos.
Os procuradores acusaram executivos de corrupção e lavagem de dinheiro, mas não por formar um cartel que, segundo eles, começou há 10 ou 12 anos.
A Odebrecht nega ter participado de um cartel e considerou as prisões ilegais.
Santos Lima também afirmou que os advogados da Odebrecht e de outros executivos presos na sexta-feira não deram qualquer sinal de interesse em fazer acordos, o que tem sido um fator-chave na condução da investigação até agora.
"Se alguém de dentro da Odebrecht resolver fazer colaboração, quem sabe a gente tem uma informação a respeito dessa parte política também", disse.