Lula: "O Brasil nunca precisou tanto do PT como hoje"

Declaração foi dada em discurso na abertura do 7º Congresso Nacional do PT; ex-presidente ressaltou também necessidade de união dos partidos

23 nov 2019 - 00h13
(atualizado às 09h15)

Enquanto a esquerda debate uma possível união para as próximas eleições, numa tentativa de derrotar a direita, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta sexta-feira, 22, que o Brasil nunca precisou tanto do PT como hoje. A declaração foi dada em discurso feito na abertura do 7º Congresso Nacional do PT, que ocorre em São Paulo, na Casa de Portugal.

Ex-presidente Lula durante discurso no Congresso Nacional do PT
Ex-presidente Lula durante discurso no Congresso Nacional do PT
Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA / Estadão

"Pela primeira vez fizemos um governo para todos os brasileiros e brasileiras. Se fosse para governar a somente uma parte, o Brasil não precisaria do PT", disse. Em seguida, listou uma série de problemas econômicos do País e algumas tragédias como as que ocorreram em Brumadinho, Mariana e o óleo que se espalha pelas praias do Nordeste. "O Brasil nunca precisou tanto do PT como hoje, e o PT tem que ser grande o bastante", acrescentou.

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O ex-presidente, contudo, ressaltou que não é possível "salvar o Brasil" com um único partido. Ele destacou que é preciso haver uma união das legendas de esquerda e centro-esquerda.

Lula está em liberdade, após ter ficado 580 dias preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Ele foi condenado em duas instâncias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, mas foi solto há duas semanas após o Supremo Tribunal Federal (STF) votar a favor de entendimento de que condenados só poderão ser presos depois de esgotados todos os recursos.

Lula contou que recebeu conselhos para não polarizar o debate político no Brasil, mas indicou que rejeita a ideia, pois o PT precisa se posicionar como contrário ao governo do presidente Jair Bolsonaro. "Nos falam para não polarizar como se o Brasil não estivesse há séculos polarizado entre os poucos que têm muito e os muitos que não têm nada", disse. "Temos que ter a coragem de dizer que somos, sim, o oposto do governo Bolsonaro, não dá para ficar em cima do muro ou no meio do caminho", disse.

O ex-presidente afirmou também que lutará para que sua sentença seja anulada e ele tenha um julgamento justo. "Lutarei nos tribunais para que reconheçam que quem me condenou nem sequer poderia ter me julgado", afirmou, em referência ao ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça. "Ele não tinha autoridade ética nem moral para me julgar".

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A cerimônia de abertura do congresso contou também com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff e de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e candidato do PT à Presidência da República na eleição do ano passado, derrotado no segundo turno pelo presidente Jair Bolsonaro. Estão ainda a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e diversos parlamentares do partido e políticos de outras siglas de esquerda.

Dilma falou por alguns minutos e criticou o governo Bolsonaro. Segundo ela, a última medida econômica adotada pelo presidente, de cobrar tributos dos desempregados por meio do seguro-desemprego, mostra o quanto é necessário mudar o Brasil. "E será um caminho um pouco mais fácil porque temos a grande liderança do País ao nosso lado", afirmou a ex-presidente, em referência a Lula.

Candidato do PSOL à Presidência em 2018 e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos defendeu a união da esquerda contra o governo Bolsonaro. "Aquilo que nos separa, aquilo que nos diferencia, é muito menor do que aquilo que nos une contra o governo Bolsonaro, contra a direita. Precisamos construir a unidade", afirmou.

Haddad, em seu discurso, disse que a esquerda não pode subestimar as forças políticas que se aliam a Bolsonaro. No entanto, afirmou que, se foi um erro do PT subestimar um adversário como Bolsonaro e seus aliados, é um "erro maior ainda" subestimar a força da militância petista. "Temos a melhor militância do mundo no Brasil", disse.

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Também estão presentes os ex-tesoureiros do PT Delúbio Soares e João Vaccari Neto, o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado federal José Genoíno. Todos foram condenados por esquemas de corrupção, mas estão em liberdade. Em seu discurso, Gleisi chegou a exaltar os nomes deles. Dirceu preferiu não ficar no palco durante o evento e apareceu apenas quando teve seu nome chamado, para acenar ao público.

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