'Lula vai aos Estados Unidos se encontrar com Biden antes da posse', diz Haddad

Estados Unidos é o segundo maior parceiro econômico do Brasil e vinha de relações estremecidas com o governo Bolsonaro

30 nov 2022 - 20h13
(atualizado às 22h07)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai viajar aos Estados Unidos ainda este ano para se encontrar o presidente norte-americano Joe Biden. A nova agenda internacional do petista, antes mesmo de tomar posse, foi informada nesta quarta-feira, 30, pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que é cotado para assumir o ministério da Fazenda e tem atuado como braço direito de Lula. 

Segundo Haddad, o presidente eleito tem recebido "muitos convites de grandes potências" para encontros presenciais e virtuais. Um desses atores globais de destaque seria a China de Xi Jinping, que é a principal parceira comercial do País. O governo de Pequim teria convidado o presidente para uma visita presencial. O ex-prefeito, contudo, disse que Lula não deve ir ao gigante asiático ainda este ano pela dificuldade de comportar em meio às negociações políticas duas agendas internacionais de grande porte. "O presidente vai terminar o ano tendo conversado com as grandes potências do mundo e na melhor perspectiva para o Brasil", disse o ex-prefeito.

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é saudado por simpatizantes
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é saudado por simpatizantes
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

Lula já esteve no Egito para a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-27, e em Portugal, onde se encontrou com o presidente Marcelo Rebelo de Souza. Em sua passagem pelo País do norte da África, o petista fez um discurso enfático de defesa do Brasil como uma das potências do Sul Global, que deve agir como aliado dos países subdesenvolvidos, e disse que o País "está de volta" para discutir, sobretudo, as questões ambientais. Ainda segundo Haddad, a Argentina é outro destino de Lula neste ano. O presidente do País, Alberto Fernandes, é um importante aliado do petista e foi a primeira autoridade estrangeira a visitá-lo, logo após a vitória no segundo turno.

Haddad disse ter constatado na visita ao Egito e Portugal um "choque de credibilidade" provocado pela eleição de Lula, que deve atrair a atenção de investidores estrangeiros.

Economia

Escalado nesta semana para integrar o grupo de trabalho da economia na transição, Haddad disse que o clima nas negociações com o Congresso é "construtivo" e que os economistas do governo transitório ainda não deram início à construção do "arcabouço fiscal", que deve suceder a o teto de gastos. "É muito pouco tempo de tramitação da PEC (da Transição) para fazer uma substituição. A PEC é para, justamente, ganhar o tempo necessário para fazer a reforma tributária e encaminhar o novo arcabouço fiscal", disse.

"Nós temos uma perspectiva boa de aprovar a reforma tributária no ano que vem. Com a reforma tributária, a gente paralelamente remeta ao Congresso um novo arcabouço fiscal, que será coerente com a reforça que terá sido feito. Esta bem encaminhado tanto na Câmara quanto no Senado as duas propostas (de PEC). Uma delas vai contemplar governadores e o governo federal". afirmou Haddad.

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Na última terça-feira, 29, Haddad participou da primeira reunião com os economistas do grupo de trabalho da transição após ter sido indicado por Lula. Segundo o petista, a conversa de mais de seis horas avançou nas discussões sobre focalização, eficiência e qualidade dos gastos públicos. O ex-prefeito ainda chamou de "desconfigurada" a proposta de orçamento apresentada pela equipe do ministro Paulo Guedes, com órgãos como do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) com capacidade de investimento próxima a zero. Os programas Minha Casa, Minha Vida e Farmácia Popular também integram a lista das área que carecem de rubricas orçamentárias.

"Nós estamos fazendo contas para que o orçamento aprovado pelo Congresso seja coerente com as necessidade do País para 2023?, disse.

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